O governador Camilo Santana (PT) admitiu, pela primeira vez, que poderá
se aliar ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), nas eleições
do próximo ano. Em visita ao O POVO na manhã de ontem, Camilo disse que
uma união entre os dois ainda precisa ser discutida e “não pode
acontecer simplesmente da minha vontade ou da vontade do senador”.
“A nossa parceria tem sido administrativa. Claro que nós vamos ter a
oportunidade de, em 2018, sentarmos”, declarou o petista. “Mas nada sem
dialogar com os nossos aliados, com os partidos e, principalmente,
sentindo da população essa aproximação.” Cada vez mais evidente pelas
aparições públicas e agendas conjuntas pelo interior do Estado, a
possibilidade de aliança só havia sido admitida até agora por Eunício.
A fala do governador opõe-se à avaliação de um dos seus principais
aliados, Ciro Gomes (PDT). O líder dos Ferreira Gomes já disse que não
vê a aliança acontecendo e que o “povão” não entenderia esse acordo
porque “as diferenças são muito graves (entre Camilo e Eunício)”.
Na semana passada, foi a vez do ex-governador Cid Gomes apontar
dificuldades na aliança ao negar que houvesse acordo firmado entre o
grupo e Eunício. O pedetista, porém, não descartou a possibilidade.
Assim como Camilo, Cid defende que a proposta seja “construída” com a base aliada.
Eunício e Camilo são vistos publicamente desde setembro trocando elogios
e sorrisos em agendas combinadas. Os partidos de oposição, que tinham o
presidente do Senado como uma das principais lideranças e possível nome
para disputa, ainda não decidiram sobre qual nome poderá fazer frente à
reeleição de Camilo.
Lula e Ciro
Lideranças do PMDB e do PT chegaram a afirmar que a aproximação entre os
dois seria um pedido pessoal do ex-presidente Lula ao PT do Ceará.
Camilo negou. “Não existe isso. O partido tem seus interesses em nível
nacional. Tenho conversado pouco com ele, mas teremos a hora de
avaliarmos o melhor cenário e as melhores alianças para 2018”, disse.
Camilo se mantém cauteloso sobre alianças para o ano que vem.
Para o governador, ainda não é o “momento certo” para esse debate. O
petista está entre dois pré-candidatos: o presidente Lula, aposta única
do PT para o pleito do ano que vem, e Ciro Gomes, que é pré-candidato
pelo PDT e um dos principais apoiadores de Camilo.
“Não vamos antecipar os problemas e as ansiedades”, desconversa.
“Vamos aguardar quais serão as candidaturas apresentadas no ano que vem.
A partir daí, a gente vai fazer um debate franco, sincero. Eu tenho um
carinho muito grande pelo Ciro. É um amigo, um parceiro, é uma pessoa
preparada. Vamos ter o momento certo para isso (discussão sobre o
apoio)”, afirma.
(O Povo – Repórter Rômulo Costa)