Nascido em Santa Quitéria, interior do Ceará, José Maria Alves,
48, veio cedo para o Sudeste. Tinha somente cinco anos de idade quando
chegou ao Rio de Janeiro, onde viveu até os 20. Foi lá seu primeiro
contato com um restaurante, onde trabalhou como garçom.
“Zé Maria”, como ficou conhecido, era eficiente. “Recepcionar é
meu hobby”, ele costuma dizer. Destacou-se tanto que foi convidado para
trabalhar na filial paulistana do Antiquarius, restaurante de comida
portuguesa que já era bastante conhecido no Rio.
Na casa, o jovem garçom agarrou a oportunidade. Foram 21 anos
lá, onde passou de garçom a gerente de salão. Nesse período, Alves foi
considerado um dos melhores mâitres – funcionário responsável por
garantir máxima eficiência e qualidade no atendimento – de São Paulo por
publicações especializadas.
Do salão para o balcão.
A ideia de abrir seu próprio negócio veio no fim da trajetória
do Antiquarius, quando o restaurante já não estava no seu melhor
momento. Alves conta que chegou a passar dez meses sem receber salário.
Com medo de ficar desempregado, decidiu que era hora de empreender.
Convidou Ernestino Gomes, 50, chef da casa onde trabalhava,
para abrir um bar. “Ele na cozinha e eu no balcão. Era essa a ideia.”
Mas um cliente e colega de Zé Maria recomendou que seguisse na culinária
portuguesa. “Me disseram que não podia desperdiçar todo o meu
conhecimento na área.”empreendedor, então, percebeu que continuar atuando com a
cozinha que tanto conhecia era mesmo a melhor saída. Ao lado de Gomes,
abriu em 2011 a Tasca do Zé e da Maria. O nome “tasca” faz referência ao
termo usado em Portugal para pequenos restaurantes. O Antiquarius, por
sua vez, fechou no ano seguinte.
Os dois investiram cerca de R$ 400 mil para tirar o negócio do
papel. Sem investidores, tiveram que pedir dinheiro emprestado para
familiares. “De pouquinho em pouquinho, a gente conseguiu.”
Na cara e coragem.
O restaurante oferece pratos típicos da culinária portuguesa, com cardápio quase completo focado no bacalhau.
O empresário afirma que só trabalha com produtos de qualidade,
herança de sua experiência no Antiquarius. O ticket médio é de R$ 80, no
almoço, e R$ 120, no jantar.
O empreendedor conta que um dos principais desafios da
transição foi se adaptar às obrigações administrativas do negócio. “No
começo foi difícil. Eu sou bom em atender clientes. Quando a coisa foi
para o lado da gestão, a gente sofreu. Tive que aprender sozinho, na
cara e coragem. Ou aprendia ou fechava”, afirma.
E deu certo. Sem divulgar com exatidão, Alves diz que fechou
2017 com mais de R$ 1 milhão de faturamento. O objetivo para 2018 é
ampliar o negócio. A meta é abrir uma segunda unidade nos Jardins,
região nobre de São Paulo, e inaugurar um pequeno empório para a venda
de produtos da casa.
Orgulhoso de sua trajetória, Zé Maria conta que a rotina é a
mesma de quando era garçom: abre e fecha a casa todo dia. “É maravilhoso
ver o público frequentando meu restaurante. Eu tenho muito orgulho do
meu trabalho. Tenho a sensação de que consegui vencer na vida.”
(Com Revista PEGN)