"Minha mãe era inocente! Volta pra mim, mãe. Eu quero a minha mãe. Não
vai embora!". O grito desesperado de um jovem, ao se despedir da mãe,
morta na maior chacina da história do Estado, rompeu o silêncio do
sepultamento das vítimas e levou todos às lágrimas, ontem à tarde, no
Cemitério do Bom Jardim. A dor de ter um ente querido perdido, de uma
forma inacreditável, feriu a cada pessoa presente.
Edneusa Pereira de Albuquerque tinha 38 anos, era dona de casa e tinha
nove filhos. A mais velha tem 21 anos, dois filhos e oito irmãos para, a
partir de agora, cuidar. Os órfãos são crianças e adolescentes - têm
entre três e 17 anos.
A vítima morava no Barroso, próximo de onde foi morta, e costumava ir ao
'Forró do Gago' para se divertir. "Ela adorava dançar, gostava de
festa. E era muito querida. Só a família não, mas todo o bairro está
muito abalado. Todo mundo se reuniu para enterrá-la", contou uma amiga,
que não quis se identificar.
Um ônibus carregou dezenas de pessoas para se despedirem de Edneusa. A
comoção foi geral. "Há 14 anos trabalhando aqui, eu nunca vi um negócio
desses", afirmou uma funcionária do Cemitério Parque Bom Jardim, ao fim
do enterro.
Diário do Nordeste