Mais uma testemunha que conviveu com Débora Rolim e
Phelipe Douglas, presos no sábado (3) suspeitos de matarem a filha
Emanuelly Aghata da Silva, de 5 anos, revela o grau de crueldade
aplicada contra a criança.
Depois do depoimento dos avós maternos ,
uma babá que trabalhou na casa dos pais de Emanuelly afirmou que Débora
chegava a colocar papel na boca da filha para abafar os gritos e o
sofrimento.
“Um dia fui trabalhar e ela estava com o olho roxo.
Porém, quando perguntei o que tinha acontecido, ela disse que tinha
caído. Foi então que a irmã mais velha contou que a mãe havia enchido a
boca dela [Emanuelly] com papel para que ela não gritasse e bateu com o
guarda-chuva no olho dela”, afirma.
A babá, que não teve o nome revelado pela polícia
por questões de segurança e para não comprometer as investigações,
trabalhou na casa por três meses, de novembro de 2016 a janeiro de 2017.
Ela disse que começou a notar as agressões quando foi dar banho na
menina e viu marcas roxas em suas costas.
“Ela preferia tomar banho sozinha, mas um dia
decidi dar banho nela e vi umas marcas roxas nas costas. Perguntei o que
tinha acontecido e ela disse que tinha caído. A mãe dizia a mesma
coisa. Porém, um dia, a irmã mais velha contou que a mãe batia nela,
disse que pegava a ‘Manu’ pelas pernas e batia com a cabeça dela na
parede. Algumas vezes ela não queria pentear o cabelo, porque era
dolorido de tanto que a mãe batia e puxava o cabelo dela”, conta.
Como os hematomas não paravam de aparecer, a babá
resolveu denunciar na Polícia Civil os pais por maus-tratos. Ela afirma
que chegou a enviar vídeos e fotos comprovando as agressões ao Conselho
Tutelar, postou nas redes sociais e registrou um boletim de ocorrência
em janeiro de 2017.
“Lembro que eu tinha chegado para trabalhar e a
‘Manu’ estava quieta, com a cabeça baixa. A mãe disse que tinha ido a um
bar comprar doces e durante à noite ela havia caído. Então me pediu
para passar pomada no olho dela. Porém, assim que ela saiu para ir
trabalhar, perguntei para ela, mas ela não disse nada. Foi a irmã mais
velha que contou que a mãe havia batido com o guarda-chuva no olho dela.
Depois disso fui no Conselho Tutelar para fazer a denúncia”, afirma.
De acordo com o Conselho Tutelar, os dois demonstravam afeto com todos os filhos e que Emanuelly parecia ser apegada à mãe.
Os conselheiros disseram ainda que como nada
parecia estar fora do normal e, como só a Justiça poderia determinar a
retirada da guarda dos filhos, as crianças continuaram com os pais.
Já a Polícia Civil
disse na época que entendeu que não se tratava de um caso grave de
maus-tratos. Os pais apenas assinaram um termo circunstanciado, foram
ouvidos e liberados.
Por fim, a babá lembrou ainda que Emanuelly era uma
criança tranquila e carinhosa. “Ela era uma menina muito doce. Quando
chegava abraçava, pedia para brincar e para desenhar. Era um pouco
agitada às vezes, mas nada fora do normal. Todos as crianças eram
tranquilas, brincavam, tomavam café, dormiam. É difícil de entender…”,
lamenta.
Em 2017, babá denunciou que Emanuelly sofria nas
mãos da mãe e do pai. Conselho Tutelar e Polícia Civil não fizeram
nada. Nas redes sociais, uma foto da pequena com marcas no rosto foi
divulgada pela própria babá e teve mais de 7 mil compartilhamentos na
época