O ex-ministro Antonio Palocci (ex-PT) era o "porta-voz do governo" para
direcionar pedidos de propina às empreiteira do consórcio Norte Energia
durante a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará,
segundo a força-tarefa da Lava Jato, que iniciou nesta sexta-feira (9)
nova fase da operação.
A investigação desta etapa está baseada em indícios de que o consórcio
de empreiteiras que venceu a leilão para construir Belo Monte foi
favorecido por agentes do governo federal. O leilão ocorreu em 2010,
durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "O
governo federal, ao convidar empresas para participar do empreendimento,
solicitou, por intermédio de Antonio Palocci, proprina para o PT e para
o MDB", disse o procurador Athayde Ribeiro Costa durante entrevista
coletiva nesta sexta-feira (9).
Segundo o Ministério Público Federal, foram identificados o pagamento de
R$ 135 milhões em propinas, sendo R$ 60 milhões para cada um dos
partidos e outros R$ 15 milhões para o ex-ministro da Fazenda e
ex-deputado federal Antônio Delfim Netto. "A investigação apurou que os
valores giram em torno deste número para os partidos [R$ 60 milhões para
cada um]. O valor da propina seria de 1% do contrato, sendo que 45%
disso ia para o PT, 45% para o PMDB, atualmente MDB, e 10% para o
ex-ministro Delfim Netto", afirmou Athayde.
Delfim Netto, 89, foi o principal alvo da 49ª fase da Lava Jato,
deflagrada nesta sexta. Batizada de "Buona Fortuna", a etapa investiga
pagamento de propina a agentes públicos e políticos pelo consórcio de
empreiteiras envolvido na construção de Belo Monte, considerada a
terceira maior hidrelétrica do mundo.
A residência de Delfim, em São Paulo, foi um dos endereços envolvidos
nos dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juiz federal
Sergio Moro. Também houve ações da PF (Polícia Federal) em Jundiaí (SP),
Guarujá (SP) e Curitiba. Sobrinho do ex-ministro, o empresário Luiz
Appolonio Neto também foi um dos alvos da ação. Costa apontou que não
foram reunidos elementos suficientes para um pedido de prisão.
UOL