Uma fortuna avaliada em aproximadamente R$ 12 milhões, distribuída em
casas de luxo, carros importados, helicóptero e até talheres banhados em
ouro, foi confiscada pela Justiça de São Paulo. A dinheirama, os
objetos e imóveis estavam em poder de dois criminosos no Ceará, os
traficantes Rogério Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue”; e Fabiano
Alves de Souza, o “Paca”. Os dois foram assassinados no mês passado em
Aquiraz (Região Metropolitana de Fortaleza). Sete envolvidos na trama
tiveram a prisão preventiva decretada. Um deles já está morto.
Os detalhes do planejamento do assassinato dos dois “chefões” da facção
criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) foram revelados em
reportagem especial veiculada, nesde domingo (4), no programa
“Fantástico”, da Globo, que mostrou parte da investigação feita pela
Polícia de São Paulo. O crime foi “encomendado” pelo líder do PCC, o
traficante de drogas e armas Marcos William Herbas Camacho, o “Marcola”,
preso em uma penitenciária federal de segurança máxima, no interior de
São Paulo.
Conforme a Polícia, participaram diretamente do duplo homicídio as
seguintes pessoas: Wagner Ferreira da Silva, o “Waguinho” ou “Cabelo
Duro”; Felipe Morais, Carlos Santos, Ronaldo Pereira da Costa, André
Luís da Costa Lopes, Érick Machado Santos e Tiago Lourenço de Sá e Lima.
O bando atua na região da Baixada Santista.
Quadrilha
A reportagem mostrou que o grupo criminoso veio de São Paulo a mando de
“Marcola” com a missão específica de eliminar sumariamente “Gegê do
Mangue” e “Paca”. Quem liderou a empreitada foi “Cabelo Duro”. A
quadrilha chegou à Fortaleza na madrugada do dia 14 de fevereiro e se
hospedou em um hotel na Beira-Mar, pagando a diária em dinheiro vivo. No
dia seguinte, 15, ainda de manhã, os criminosos seguiram para um
hangar, no Município do Eusébio, onde embarcaram no helicóptero da
facção pilotado por Felipe Morais (dono da aeronave).
Parte do bando foi deixada num matagal na reserva indígena Lagoa
Encantada, em Aquiraz. “Cabelo Duro” e o piloto retornaram ao Eusébio e
ali receberam os dois traficantes para um suposto passeio. Na verdade,
eles iriam ser mortos logo em seguida.
Já com os dois “alvos” embarcados, o helicóptero iniciou o voo da morte.
“Gegê do Mangue” e “Paca” acreditavam que iriam fazer apenas um passeio
para recepcionar o comparsa que havia chegado de São Paulo. No entanto,
foram levados até a reserva indígena, onde já estavam os matadores. O
piloto teria simulado a necessidade do pouso na mata e ali os dois
bandidos acabaram sendo eliminados sumariamente conforme o que havia
sido combinado com “Marcola”. Receberam tiros de pistola à queima-roupa e
tiveram os corpos parcialmente carbonizados. A Perícia Forense (Pefoce)
atestou que não houve prática de torturas.
Na reportagem especial sobre o caso, o “Fantástico” entrevistou o
secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, delegado
federal André Costa, que deu detalhes da investigação e o passo a passo
do plano dos assassinos.
Terceira morte
Uma semana após o assassinato de “Gegê do Mangue” e “Paca”, Wagner
Ferreira da Silva, o “Cabelo Duro”, também foi morto. O crime aconteceu
em São Paulo. O carro em que ele estava foi perseguido e cercado na
porta de um hotel de luxo, no bairro Jardins, zona nobre da capital
paulistana. Imagens captadas pelas câmeras de segurança do hotel
mostram que “Cabelo Duro foi executado a tiros de fuzil.
Os demais integrantes da quadrilha seguem foragidos, incluindo o piloto
do helicóptero, e são caçados em vários estados. Já a aeronave, que
estava desaparecida, foi localizada na tarde da última quinta-feira (1º)
em um matagal nos arredores da cidade de Fernandópolis (SP), por
agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo
(Deic).
Fernando Ribeiro