81% dos envolvidos em acidentes no Ceará tiveram sequelas permanentes

 
 
 
Desrespeito às leis de trânsito. Tal conduta provocou, em 2018, acidentes nas vias estaduais, o que obrigou o repasse do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) a 22.864 vítimas no Ceará. As motos foram responsáveis por 87% das indenizações, deixando ainda 81% dos envolvidos com sequelas.
 
 
Os dados, compilados em relatório anual pela Seguradora Líder, que administra o seguro obrigatório, apontam também que 20.258 ressarcimentos tiveram como causa acidentes com ciclomotores, as famosas "cinquentinhas", representando mais de 88% do total de pagamentos.
 
 
Para o coordenador de dados da Iniciativa Bloomberg, Ezequiel Dantas, o motociclista é mais vulnerável na malha cicloviária devido ao seu nível de exposição, mas o principal fator de risco que impulsiona as ocorrências na Capital é o excesso de velocidade.
 
 
"A gente tem uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará, juntamente com os Estados Unidos, que aponta que mais de 30% dos motociclistas na rua estão excedendo a velocidade, o que significa dizer que 1 em cada 3 motociclistas excede a velocidade regulamentada em Fortaleza", detalha.
Invalidez
 
 
Apesar de ter anotado uma redução de 28,59% em indenizações nos últimos dois anos, o Ceará foi a região do Nordeste que mais fez o pagamento do benefício em 2018, cujo período também ganhou destaque negativo depois que 81% das vítimas tiveram invalidez permanente, segundo o relatório da empresa, elaborado para dimensionar a extensão dos danos causados pela violência no trânsito em todo o País.
 
 
Contudo, Ezequiel Dantas justifica que o levantamento não mostra a situação da segurança viária, uma vez que ele indica somente o número de indenizações contabilizadas no Estado. "O indicador que você utiliza para medir a segurança viária é, de fato, o número de mortes e lesões no trânsito ou mesmo o número de atendimentos no hospital de trauma, por exemplo".
 
 
A aposentada Maria das Graças Marcondes, 66, convive com as dores diárias em um braço e a ausência de movimento no outro, além do incômodo nas pernas atingidas por um caminhão desgovernado em Viçosa do Ceará, onde passava o fim de semana.
 
 
Após oito cirurgias, uma delas paga integralmente com o valor recebido do seguro, ela precisou se adaptar à nova rotina de consultas, medicamentos e fisioterapia. "Eu estou em pé porque o povo diz que eu sou uma mulher de Deus. Todas as economias que a gente tinha nós já gastamos. O DPVAT fez parte da última cirurgia que foi a mais cara, custou R$ 9 mil", lembra.
 
 
O DPVAT oferece cobertura à vítima por um período de até três anos: em caso de morte no trânsito ou invalidez permanente, a indenização chega a R$ 13.500, enquanto para o reembolso de despesas médicas e hospitalares da rede privada de saúde o valor pago é de R$ 2.700.
 
 
Diário do Nordeste

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