Acabou em briga e troca de palavrões o primeiro teste do ministro da
Economia, Paulo Guedes, na audiência pública na Comissão de Constituição
de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a reforma da Previdência.
Depois de seis horas e meia de sessão com sucessivos bate-bocas com a
tropa da oposição, o ministro caiu na provocação do deputado Zeca Dirceu
(PT-PR) que o acusou de ser "tigrão" com os aposentados, idosos de
baixa renda e agricultores, mas "tchutchuca" com privilegiados do
Brasil.
O ataque do petista, filho do ex-ministro, José Dirceu, levou à explosão
final de Guedes que reagiu com destempero fora do microfone. "Eu não
vim aqui para ser desrespeitado, não. (...) tchutchuca é a mãe, é a avó,
respeita as pessoas. (...) Isso é ofensa. Eu respeito quem me respeita.
Se você não me respeita, não merece meu respeito", afirmou.
Zeca começou as críticas perguntando a razão pela qual Guedes começou as
reformas com a da Previdência e não alterações que afetassem os
banqueiros.
A partir daí, o clima ficou insustentável e o presidente da CCJ, Felipe
Francischini (PSL-PR), teve que acabar com a audiência. Sem experiência
e com apenas 27 anos, ele não conseguiu conduzir com firmeza a
audiência. Por pelo menos outras vezes, a alta tensão e a gritaria
dominaram a audiência.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu depois da sessão.
“Chamar um ministro de ‘tchutchuca’ é um absurdo”, afirmou ao Estado. “É
péssimo para a Câmara. Paulo Guedes tem dialogado com respeito com o
Parlamento”.
A reunião foi marcada por embates entre o ministro e a oposição. Pouco antes, Guedes havia dito: "Quem acha que a reforma não é necessária é caso de internamento". Deputados reagiram com fúria à fala e a oposição cobrou que a declaração fosse retirada. " Não estou dizendo que tem que internar quem não aprovar essa reforma", retrucou Guedes.
Estadão Conteúudo