Até 2020 a depressão será a doença mais incapacitante do mundo. A
projeção é da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgada em relatório
em 2017. Se o alerta parece grave, mais desolador ainda é a comprovação
cotidiana desta estimativa. Bem sabem as pessoas que sofrem com a
depressão. A doença psiquiátrica crônica, em nível grave, tem efeito
devastador.
Para se ter ideia, no Ceará, somente em 2018, o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) concedeu quatro auxílio-doença por dia, para
pessoas que não tinham condições de continuar trabalhando devido à
depressão. Um total de 1.741 auxílios no ano, que evidencia um aumento
de 38,6% se comparado aos índices registrados em 2017.
O trabalho, embora nem sempre seja o fator responsável por desencadear o
problema, muitas vezes acentua o quadro depressivo. Diante disso, a
vida dos trabalhadores fica paralisada e a atividade laboral
comprometida.
No Ceará, a concessão de auxílios-doença nos dois primeiros meses deste
ano, em decorrência de quadros depressivos, chegou a uma média de cinco
por dia. Em Fortaleza, foram 156 auxílios-doença entre janeiro e
fevereiro concedidos por conta de depressão.
Entre 2016 e fevereiro de 2019, 80 trabalhadores se aposentaram em
Fortaleza por estarem permanentemente incapazes de exercerem qualquer
atividade laborativa devido a quadros de depressão. O cenário é ainda
mais grave, se considerado que os dados do INSS referem-se somente a
trabalhadores que colaboram com a Previdência Social.
A psicóloga e integrante do Núcleo de Psicologia do Trabalho da
Universidade Federal de Fortaleza (UFC), Eveline Nogueira, explica que
"a relação entre casos de afastamento laboral e saúde/doença mental não é
nova, mas essa discussão vem ganhando força devido ao maior surgimento
de casos na atualidade". Isto, na avaliação de Eveline, se deve também a
um olhar mais cuidadoso da sociedade para adoecimentos nessa esfera.
Antes, menos visível, a doença mental era colocado como "fragilidade
pessoal" ou "falta de força de vontade".
O estado depressivo, explica a psicóloga, se constitui como um
adoecimento incapacitante para o trabalho, na medida em que "impede que o
sujeito desenvolva aquela atividade da maneira habitual.
Diário do Nordeste