Quando foi preso, na noite do último sábado, escondido dentro de um
quarto no apartamento da namorada fisioterapeuta, no bairro Meireles,
Douglas Matias da Silva, de 25 anos, negou de imediato aos policiais da
Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) sua participação como um
dos executores da Chacina no Benfica. Tentou se livrar apresentando
documentação falsa. Usava o nome “Alexandre Garcia”. Seu nome
verdadeiro, no entanto, quando checado, confirmou antecedentes criminais
graves. Douglas responde judicialmente por outro homicídio e por um
caso de roubo. O caso do assassinato, inclusive, traz coincidências com o
episódio da chacina da última sexta-feira (10).
Douglas é
acusado de ter matado o jovem Guilherme Renan Alves Figueiredo Delane,
de 18 anos. O caso aconteceu numa virada de sexta para sábado, nas
primeiras horas do dia 5 de agosto do ano passado. Foram três tiros na
região abdominal da vítima. A semelhança principal: a execução à época
também foi dentro de um bar nas proximidades da pracinha da Gentilândia
(rua Paulino Nogueira).
Foi na praça onde três das sete
pessoas acabaram executadas na Chacina do Benfica. Os outros ponto da
matança do último fim de semana foram a Vila Demétrio e a rua Joaquim
Magalhães. O processo pela morte de Guilherme Renan tramita na 4ª Vara
do Júri. Desde o episódio, com mandado de prisão em aberto, Douglas
Matias da Silva era dado como foragido. Quando descoberto na noite de
sábado, um dia depois da chacina, Douglas fez um pedido aos policiais.
Que avisassem à sua mãe, com quem não falava havia alguns meses, que
ele acabara de ser preso.
Do processo por roubo, Douglas é
apontado com outros dois homens pelo assalto a uma picape Hilux, no dia
18 de outubro de 2017, no bairro José Bonifácio. Ele seria o motorista
do Palio branco usado pelo grupo quando abordaram a vítima, uma
mulher. A picape era rastreada, o que ajudou na identificação do trio
de assaltantes.
O processo contra Douglas foi desmembrado da
ação contra os outros dois acusados. Ao longo do trâmite, ele também
esteve foragido. Não foi localizado no endereço informado. A família
dele hoje mora na divisa entre o bairro José Bonifácio e Fátima. O
Palio branco usado no assalto à Hilux era de um cunhado de Douglas. Ele
havia pedido emprestado o veículo informando que iria trabalhar como
motorista de aplicativo. A delação de Douglas neste crime teria sido
feita pelos próprios familiares. Ontem, no início da tarde, foi
agendada a Audiência de Custódia de Douglas Matias. Será na próxima
quinta-feira. Ainda ontem, o nome de Douglas foi inserido, no site do
Tribunal de Justiça, na ação penal relativa à chacina. É acusado por
homicídio qualificado, apreensão de arma e resistência à prisão. Na
noite em que foi localizado, Douglas tentou fugir dos policiais. Chegou
inclusive a jogar pela janela do apartamento a pistola Ponto 40 e
escondeu o celular. Acabou rendido e a arma encontrada. Douglas
Matias da Silva aparece no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica como
proprietário da empresa Douglas Motoboy. Oferecia serviços de entrega
rápida. O endereço registrado é o mesmo da residência dos pais dele.
O Povo