A ficha de Ângelo Thomaz Duarte Cavalcante, 20, não caiu. Apesar de
ainda não acreditar, ele fará em breve sua matrícula no curso de
medicina da USP (Universidade de São Paulo). Segundo ele, que estudou
todo o ensino médio em escola pública, as principais estratégias
adotadas foram duas: muito treino e deixar de lado o celular e as redes
sociais.
A receita parece ter dado certo. Dos 13 vestibulares
que prestou, foi aprovado em outras sete instituições (além da USP): nas
públicas Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e UFG
(Universidade Federal de Goiás), e nas particulares Anhembi Morumbi, PUC
Campinas, PUC Sorocaba, Santa Casa e Unicid. E ele ainda aguarda
confiante o resultado da seleção da Unicamp.
"Estou meio bobo
ainda. Olha, eu via essas notícias na internet de pessoas que passavam
em um monte de vestibular e eu achava que eram todas meio geniais.
Agora, eu vejo que não é assim. Durante o ensino médio [cursado na Etec
Presidente Vargas], eu era um estudante mediano. Nunca fui de estudar no
ritmo necessário para entrar numa faculdade de medicina. Foi no
cursinho que eu me dediquei mais", contou.
Ao todo, foram dois
anos de cursinho desde que terminou o ensino médio, em 2013. Mas ele
pegou firme mesmo durante o ano passado. "Para render melhor nos estudos
desativei o Facebook, mudei o número do Whats App, desativei as
notificações e só usava o celular para ler mensagens dos grupos do
cursinho. Na hora de estudar, eu deixava o celular longe, mas nunca fui
muito viciado também. Além disso, eu treinava muito. Fazia uma redação
por semana, simulados e fiz muitas provas anteriores dos vestibulares",
relembrou.
"Acho importante você saber o que está disposto a abrir mão. Tem que
ter foco e tem que manter a produtividade. Usar seu tempo de maneira que
ajude nos estudos. Vejo muita gente estudando 5h, mas que no fundo vale
por 2h."
Ângelo não sabe até hoje quantas redações fez durante o
ano passado, mas tem certeza de que foram mais de 60. Para ele,
melhorar seu desempenho nessa parte foi crucial para os bons resultados
que teve.
"No primeiro semestre do cursinho minhas notas na
redação estavam baixas. Então decidi nas férias fazer três redações por
semana, quando o cursinho pedia apenas uma. Vi que estava melhorando e
em outubro aumentei ainda mais. Fiz uma redação por dia durante todo o
mês. Meu desempenho me surpreendeu", contou. "É que nem um atleta. Tem
que estar treinado para fazer o negócio."
O estudante conta que
os estudos durante a semana faziam parte de uma verdadeira maratona.
Estudava no cursinho das 7h30 às 13h40, voltava para casa para almoçar e
retomava os trabalhos por volta das 15h30. Só parava às 23h30. Os
domingos eram os únicos dias em que o estudante diminuía a ritmo,
fazendo redações e provas anteriores dos vestibulares que desejava.
Controle Emocional
Além de toda a preparação, Ângelo acredita que ter um controle emocional bom é muito importante durante todo o processo.
"Medicina é muito concorrida. Errar uma questão define se você passa ou
não. Conheço muitas pessoas no cursinho que eram até melhores do que eu
e não passaram. Acho que ir confiante é uma boa coisa. Vi que muita
gente ficava pensando negativo. Isso é auto-sabotagem. Por isso,
procurei ir confiante para todas as provas. Alguma eu tinha que passar.
Só não esperava tantas", brincou.
OUL