Todos os prédios da Esplanada dos ministérios, em Brasília, estão
sendo evacuados na tarde desta quarta-feira (24) após os ministérios da
Agricultura e da Fazenda sofrerem um incêndio do lado externo.
Os
funcionários dos ministérios estão estão sendo retirados dos prédios
pelas saídas dos fundos. Para evitar que manifestantes se aproximem do
Congresso Nacional, a Polícia Militar do DF faz uso de bombas de gás
lacrimogêneo.
A Marcha das Centrais Sindicais, como está
sendo chamado o ato, protesta contra as reformas propostas pelo governo
federal. e pede a renúncia do presidente Michel Temer.
Durante o protesto, participantes do ato e Polícia Militar entraram em
confronto. Foram disparadas bombas de gás e de efeito moral. A cavalaria
da PM chegou a investir contra os manifestantes, que responderam
jogando pedras e paus. Às 15h30, o confronto já durava duas horas
ininterruptas.
Chamado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem
Medo, que lideraram atos contra o impeachment de Dilma Rousseff, e pelas
centrais sindicais, a manifestação saiu do estádio Mané Garrincha e
segue em direção ao Congresso Nacional.
Os organizadores falam
em mais de 100 mil pessoas. A Secretaria de Segurança Pública do
Distrito Federal afirmou que até as 11h30 havia 25 mil manifestantes. O
número estimado de ônibus que vieram de outros Estados é entre 500 e
600.
"A gente não merece passar por isso. Quase não tem nada e o
que tem, eles querem tirar", diz o metalúrgico paulista Fernando
Oliveira, 27, que saiu do Jabaquara, em São Paulo, na terça-feira (23),
às 11h em direção à capital federal.
Entre as muitas categorias
presentes, estão os agentes penitenciários, que chegaram a invadir o
Congresso durante votação da reforma da Previdência em comissão no
início de maio. Eles receberam uma salva de palmas ao passar por um dos
carros de som que compõem a manifestação.
Entre as entidades
presentes, estão a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a UGT (União
Geral dos Trabalhadores), a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), o
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), além de membros de
partidos, sindicatos locais, entidades estudantis como a UNE (União
Nacional dos Estudantes) e movimentos LGBT.
A Força Sindical
também se uniu ao protesto contra o governo. Antes da revelação da
delação da JBS, a central do deputado Paulinho da Força (SD-SP) se
posicionava apenas contra as reformas trabalhista e da Previdência, mas
não pedia a saída do governo.
Muitos carregam bandeiras e
camisetas com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O
melhor seria se entrasse o Lula mesmo", diz a doméstica Elza de Araújo,
51, que veio de Teresina acompanhar a manifestação.
O ato também
tem manifestantes do Pará, do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte,
Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Distrito Federal e da
Paraíba.
TENSÃO
O clima na marcha ficou
tenso por volta das 13h30, quando os grupos chegaram ao bloqueio feito
pela polícia, em frente ao Congresso.
Homens com máscaras anti
gás e camisas laranja da Força Sindical forçaram as grades e instaram as
pessoas a invadir o Parlamento.
A Polícia repeliu a tentativa
com spray de pimenta. Do alto de um dos carros de som, sindicalistas
pediam uma marcha pacífica e que as lideranças controlassem suas bases.
Um cordão humano de dirigentes sindicais foi formado para impedir embates entre manifestantes e a polícia.
O conflito quase saía do controle no início da tarde. A cavalaria e
furgões da PM investiram contra manifestantes, que responderam jogando
pedras e paus.
"Companheiros mascarados, por favor, retirem suas
máscaras. Aqui tem mães, tem trabalhadores honestos. Nosso protesto é
pacífico", disse a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).
Na
parte de trás da manifestação, dirigentes em carros de som pedem que o
público espere, porque "o pau ainda está comendo solto lá embaixo". Eles
pedem que os manifestantes não desçam em direção ao Congresso e não
respondam a provocações.
Na altura do Museu Nacional, um jovem se feriu ao tentar acender um rojão e foi rapidamente socorrido pelo Corpo de Bombeiros.
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