Polícia Civil do RJ deflagra megaoperação para prender 96 PMs e 70 traficantes


A Polícia Civil realiza uma megaoperação, iniciada na manhã desta quinta (29), para prender 96 policiais militares, 70 traficantes e outros criminosos suspeitos de integrarem um esquema de corrupção em São Gonçalo, Região Metropolitana do estado. Por volta das 8h30, os agentes já tinham cumprido 41, sendo 36 PMs e cinco traficantes, dos 184 mandados de prisão preventiva. 

Quase uma centena de policiais - 96 ao todo - que já esteve, e alguns que ainda estão nas fileiras do efetivo do 7º BPM (São Gonçalo) é acusada pela polícia de fazer do esquema de recebimento de propina paga por traficantes que rendia, mais ou menos, R$ 1 milhão por mês aos militares. 

A operação para prender os envolvidos, batizada de Calabar, contou com 800 agentes e 110 delegados, que deixaram a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte da cidade, às 5h. Por volta das 6h30, já havia policiais militares presos. A ação é, segundo a polícia, a maior da história relativa a casos de corrupção envolvendo PMs e traficantes. 

Os policiais que forem presos irão responder por organização criminosa e corrupção passiva. Já os bandidos respondem por tráfico, organização criminosa e corrupção ativa. O nome Calabar é uma referência a Domingos Fernandes Calabar, considerado o maior traidor da história do país. 

A investigação mostra que os PMs atuavam como "varejistas do crime" e chegavam a ofertar serviços diversos a traficantes. Por exemplo, os militares escoltavam os chamados "bondes" de criminosos de um local a outro, e até alugavam armas da corporação, incluindo fuzis, aos traficantes.  

Uma das conclusões do inquérito é que todas as semanas, de quinta-feira a domingo, as viaturas do batalhão circulavam por ruas de São Gonçalo exclusivamente para recolher o "arrêgo" que, no jargão, é a quantia paga por criminosos a policiais para não atrapalhar os negócios de bandidos. O valor cobrado pelos PMs variava entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil para cada equipe de policiais que estava de plantão. 

Agentes que investigaram o esquema estimam que a venda de favores e cobrança de dinheiro a traficantes rendesse, pelo menos, R$ 350 mil por semana aos PMs, que estavam no Grupamento de Ações Táticas (GAT), Patrulha Tático Móvel (PATAMO), Serviço Reservado (P-2), do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) e Ocupação (uma espécie de "UPP" de São Gonçalo).

O esquema foi descoberto há quase um ano pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). A primeira pista do esquema surgiu a partir da prisão de um dos suspeitos apontado como responsável por recolher a propina para os policiais. 

O resultado só foi possível graças ao trabalho de escuta de agentes, que identificou dois mil diálogos entre PMs e traficantes considerados "chaves" pela polícia para elaborar o inquérito e indiciar os suspeitos. Para chegar ao resultado, policiais da especializada interceptaram mais de 250 mil ligações. 


G1

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