Em decorrência dos ataques cometidos por criminosos contra instituições
financeiras, 31 municípios cearenses estão com atendimento bancário
prejudicado, segundo o Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB-CE). Das
agências explodidas, 18 estão completamente paradas e 13 funcionam
parcialmente. A Instituição estima que 750 mil pessoas, que habitam
essas 31 cidades, estejam prejudicadas e precisem fazer deslocamentos de
até 60Km para buscar atendimento em municípios vizinhos.
O Sindicato considerou a situação das agências do Interior como
"crítica". "Já mantivemos audiência com o governador Camilo Santana,
cobrando segurança para a população e bancários. Algumas medidas foram
tomadas pelo Governo, como a criação do Cotar, Batalhão de Fronteira,
Ciopaer para o Cariri e Sobral, mas infelizmente os bandidos continuam
sitiando as cidades, invadindo quartéis e delegacias, e explodindo
agências no Interior", disse Bosco Mota, diretor do SEEB-CE.
O Sindicato informou que também vai pressionar as instituições
financeiras e já solicitou audiência com o superintendente do Banco do
Brasil, que é o banco com maior número de agências fechadas.
O delegado Raphael Vilarinho, titular da Delegacia de Roubos e Furtos
(DRF), responsável pela investigação dos casos, disse que a Polícia vem
fazendo sua parte e que somente neste ano houve uma redução de 18% nos
ataques, em relação ao ano passado. "Ano após ano as estatísticas
mostram uma queda no número de ataques. Todos os líderes das maiores
organizações criminosas do Estado foram presos. A Polícia vem fazendo o
papel dela muito bem feito, mas os bancos precisam fazer a parte deles e
investirem na segurança das agências", afirmou.
O delegado ressaltou que é preciso que as instituições financeiras
apostem em tecnologias que desmotivem os ataques. "Eles precisam
desestimular os ataques às agências bancárias com a implantação de
equipamentos, como os cofres inteligentes, que dilaceram as notas
automaticamente, quando são violados", considerou.
Vilarinho pontuou também que há uma busca constante aos criminosos que
possam estar se articulando para cometer este tipo de crime. "Criminosos
perigosos, que faziam parte da lista dos mais procurados do Estado,
foram presos quando se preparavam para atacar bancos. Temos tentado nos
adiantar para evitar as explosões", afirmou.
Lavras da Mangabeira
Na madrugada de ontem, mais um banco foi atacado. Cerca de 15 homens
fortemente armados atacaram e destruíram o prédio do Banco do Brasil, no
município de Lavras da Mangabeira (a 446Km de Fortaleza), e fugiram com
uma quantia de dinheiro não divulgada. Segundo o soldado Gladson,
lotado no Destacamento local da PM, a quadrilha chegou à agência em dois
veículos Toyota Hilux e um Peugeot (modelo não informado), de cor
vermelha, por volta de 1h.
Todos os homens usavam armas de grosso calibre, como fuzis e
espingardas calibre 12, de acordo com o soldado Gladson. A ação durou
cerca de 20 minutos, tempo suficiente para os criminosos detonarem duas
cargas de explosivos. O prédio do Banco do Brasil, que também acomoda a
Secretaria da Saúde de Lavras da Mangabeira, no primeiro andar, ficou
totalmente destruído. A estrutura do Banco do Nordeste, que fica ao
lado, também foi atingida.
Depois de pegar o dinheiro do cofre da agência bancária, a quadrilha
fugiu pela BR-116, em direção ao município de Icó, ainda conforme o
soldado Gladson. Militares de várias cidades, do Batalhão de Divisas e
do Comando Tático Rural (Cotar) realizam diligências, em busca dos
criminosos. Raphael Vilarinho disse que seis suspeitos já foram
identificados e estão sendo procurados.
Diário do Nordeste



