O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (3) à Folha de S. Paulo que vai pautar a votação da reforma da Previdência já no início de setembro, como defende o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Maia afirmou que conversou com o ministro por telefone e se comprometeu
a retomar as conversas com deputados e o setor privado sobre o tema,
principal bandeira e aposta do governo Michel Temer para manter o apoio do mercado financeiro.
"Disse a Meirelles que vamos aprovar a Previdência juntos no início de
setembro na Câmara. Temer foi informado. Não faremos nada
desarticulado", afirmou o presidente da Câmara.
Como mostrou a Folha de S. Paulo nesta quinta, Meirelles disse em
conversas com líderes do Congresso que pretendia, em no máximo dez dias,
reinserir as mudanças na aposentadoria na pauta de prioridades.
O ministro quer a aprovação de uma reforma robusta, mas enfrenta
resistência entre integrantes da própria base do governo, que não querem
se comprometer com o ônus de votar por um projeto tão impopular às
vésperas de um ano eleitoral.
Questionado se contava com a aprovação do relatório da comissão
especial que trata do assunto -como quer Meirelles- ou somente com a idade mínima, como defendem alguns deputados da base de Temer, Maia preferiu cautela e condicionou o avanço da pauta ao apoio do PSDB.
"Vou trabalhar pelo relatório da comissão. Por isso precisamos do PSDB", declarou.
A bancada tucana, com 46 deputados, ficou dividida na votação da
denúncia contra Temer nesta quarta-feira (2) -22 a 21 a favor do
presidente-, mas o Planalto trabalha para manter o partido no governo
justamente porque a sigla defende o apoio à reforma.
A Folha de S. Paulo mostrou nesta quinta que Maia vai trabalhar pela
agenda econômica de Temer, mas também quer se descolar da imagem
impopular do presidente e abrir uma pauta exclusiva da Câmara, esta mais
distante do governo, com o objetivo de ganhar protagonismo até as
eleições de 2018.
Maia também articula para fortalecer o seu partido, o DEM, com a
migração de nomes do PSB e de outras legendas, e criar uma base
parlamentar mais ampla para ter onde "aterrissar" caso dispute o
Planalto no ano que vem.
Diário do Nordeste



