Uma mutação genética,
provavelmente ocorrida em 2013, deu ao vírus da zika a capacidade de causar
microcefalia fetal severa, segundo pesquisa publicada nesta quinta-feira (28)
na revista Science pela Associação Americana para o Avanço da Ciência. Os
resultados do estudo esclarecem como o vírus evoluiu de uma doença
relativamente inócua para um patógeno de preocupação global. A informação é da
EFE.
Desde 2016, as epidemias de vírus
da zika no continente americano foram declaradas uma emergência de saúde
pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e os cientistas não puderam
determinar como o vírus, que causava infecções leves, passou a desencadear
síndromes neurológicas severas.
Ao comparar as cepas
contemporâneas do vírus da zika das epidemias sul-americanas de 2015 e 2016 com
um vírus cambojano ancestral que circulava em 2010, o pesquisador Ling Yuan e
sua equipe da Academia das Ciências de Pequim detectaram uma mutação crítica
que conferiu ao mesmo a capacidade de causar microcefalia por infecção fetal em
ratos.
"Essa mutação... fez com que o vírus fosse mais letal para as
células precursoras de neurônios humanos em cultivo em comparação com a forma
ancestral", detalha a publicação.
Como o vírus da zika acumulou
numerosas mudanças ao longo de seu genoma entre 2010 e 2016, os pesquisadores
construíram e testaram sete vírus mutantes diferentes. De todas as variantes, a
S139N foi a que causou uma microcefalia e uma letalidade embrionária muito mais
graves em ratos que as demais.
A análise evolutiva revelou que a
mutação S139N provavelmente surgiu por volta de 2013, coincidindo com os
relatórios iniciais de microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré, associadas
à zika.
A zika, assim como dengue, a
chicungunha e a febre amarela urbana são transmitidas pelo Aedes aegypti, um
mosquito cuja população se multiplica com a chegada do verão, que lhe oferece
condições propícias para a reprodução: temperaturas elevadas e focos de água
limpa e parada devido às chuvas.
(Agência EFE)



