Manoel perdeu a visão em 2010 e
precisou se especializar para não parar de trabalhar. "No começo foi muito
ruim, mas o pior é o preconceito. As pessoas não podem parar por que a vida
continua", conta.
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O mecânico e eletricista Manoel
Alves Bezerra, de 57 anos, trabalha arrumando peças e eletrodomésticos em um
cômodo no fundo de casa, em Araguaína, norte do Tocantins. Ele perdeu
totalmente a visão e decidiu se especializar para poder continuar trabalhando. O
que Bezerra não contava era a resistência dos clientes. "As pessoas são
preconceituosas e não confiam em mim. Quando sabem que eu sou cego viram as
costas e procuram outro profissional. Isso acontece muito", lamenta.
O homem, que mora com a
companheira Neuza Soares Bezerra, conta que perdeu a visão em 2010 após
complicações com a diabetes. "Eu não fazia os tratamentos e tive
hemorragia na retina do olho esquerdo e deslocamento de retina no olho direito.
Com três meses eu não enxergava mais nem a luz. Escuridão total", disse,
lembrando que os médicos falaram que a reversão é quase impossível.
Bezerra que trabalhava como
eletricista de instalações, antes de ficar cego, precisou aprender coisas novas
e se especializar. Ele conta que tem o serviços elogiados por quem acredita no
trabalho dele.
O homem concerta eletrodomésticos
e também fez máquinas para auxiliar na produção de artesanato. "Eu faço
questão de caprichar, cobro um preço bom e dou garantia. Quem acredita no meu trabalho
sempre volta", afirma.
O eletricista recebe um benefício
mensal por causa da deficiência, mas faz questão de levar uma vida normal e
ajudar na renda da casa. "No começo foi muito ruim, mas o pior é o
preconceito. As pessoas não podem parar, por que a vida continua apesar dos
problemas. As pessoas precisam se mover e ficar parado vai piorar", disse.
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Bezerra agora faz tratamento da diabetes e conta com a ajuda da companheira. "Eu me divirto, gosto muito de pescar, mas voltar a enxergar é o meu maior sonho".
(G1 TO)




