Nunca é tarde para reparar um erro do passado. Mesmo que as atitudes
não se apaguem, sempre há uma forma para que os momentos bons
permaneçam. E não há torcedor do Fortaleza que discorde que Francisco
Clodoaldo das Chagas Ferreira, um ipuense de 38 anos que impressionou o
futebol brasileiro nos anos 2000, gerou mais alegrias que decepções para
o clube. Ele se reaproximou do Tricolor nas últimas semanas, após um
hiato de 11 anos, e abriu o coração para oferecer os melhores
sentimentos para ao Leão em um dos momentos mais importantes da
temporada.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, ele disse que volta para trazer a
estrela que sempre o acompanhou nas decisões pelo Tricolor de Aço. "Acho
que os anos que joguei no Fortaleza, sempre nas decisões Deus me
iluminava, que eu pudesse fazer algo diferente junto com o grupo e
buscar sempre o objetivo. Sei que não vou estar dentro de campo, mas vou
estar na torcida. Tenho certeza que Deus vai abençoar esse grupo que
está no Fortaleza. Tive oportunidade de conversar com eles, sei o brilho
no olhar que cada um tem. Estão focados nesses dois jogos. Tenho
certeza que eles vão conseguir".
O craque, ainda em atividade, mas sem clube, deu dicas de como o
Tricolor pode conseguir finalmente a façanha de bater o Tupi, na decisão
de 180 minutos, e garantir o tão sonhado acesso à Série B. Para ele não
tem outro momento.
Clodoaldo relembrou os tempos de glória no Leão nos anos 2000, quando
obteve dois acessos para Série A do Brasileiro e vários títulos.
"Eu tenho certeza que tudo é no tempo de Deus. Eu acho que o momento do
Fortaleza é esse. Não querendo falar que os outros elencos não tinham
qualidade, não sei o que acontecia, mas chegou o momento. Naquele grupo
de 2002, não tinha vaidade. As coisas ruins a gente não deixou entrar no
elenco. Sobre a partida, primeiro temos que fazer o dever de casa e ir
lá fora tranquilo".
Para Clodoaldo, no momento decisivo, o atleta só deve pensar em coisas
positivas para garantir o triunfo. A palavra 'derrota' não deve ser
cogitada em nenhum minuto. "Quando eu jogava só em saber que o estádio
estava lotado, era fantástico"
Recepção
O baixinho confirmou presença no Castelão, sábado, às 16h, para torcer
pelo time do coração. Na partida passada, contra o Moto Club, o ele já
havia voltado a prestigiar um jogo do Tricolor de Aço após vários anos. O
convite feito pelo clube foi aceito de prontidão após a gravação de um
vídeo em que o craque pede desculpas pelos erros do passado. Clodoaldo
explicou como seu deu essa aproximação.
"Fazia mais de 10 anos que eu saí do Fortaleza e eu tinha esse peso na
consciência de no momento certo eu pedir desculpas. Eu deixei Deus tomar
a frente. Aconteceu nesse momento, um momento especial para mim, um
momento especial do Fortaleza decidir a vaga para a Série B. As coisas
começaram a fluir bem. Estava tentando resolver uma situação minha no
Fortaleza e acabei indo lá. Tive a felicidade de encontrar o presidente.
Daí eu e presidente conversamos e surgiu a ideia do vídeo e que esse
vídeo fosse colocado no momento certo", explicou.
Sobre a receptividade do pedido de desculpas, Clodoaldo garante que a
torcida deu retorno positivo na partida contra o Moto Club. "Foi tudo
tranquilo. Na hora que cheguei ao estádio fui bem recebido. Muitos
torcedores batendo foto e me parabenizando pela minha atitude. Nas redes
sociais também muita gente me perdoando, estando do meu lado. Isso para
mim foi importante".
Carreira
Se encaminhando para os últimos anos como atleta profissional,
Clodoaldo também analisou os erros do passado, que, apesar de muitos,
não apagaram o talento do ipuense. Foram gols magistrais, dribles
desconcertantes, mas também polêmicas e provocações, que não o tornaram
um atleta tão reverenciado como outros na história tricolor.
"Minha carreira foi espetacular. Poderia ter sido melhor se tivesse
agido de outras formas. Mas já passou. O atleta tem que ter
personalidade de enfrentar momentos bons e momentos ruins. Foi uma
escola que ensinou de verdade o que é a vida", analisou o baixinho.
Diário do Nordeste



