A falta de chuvas no Estado está intensificando as áreas de seca.
Conforme o monitoramento mensal da Agência Nacional de Águas (Ana), no
Ceará, as poucas chuvas do mês de agosto expandiram para a Região Norte a
área de seca fraca, tendo como consequência a redução da área sem seca.
No Sul do Estado, também se verificou a expansão da forma extrema. Nas
demais áreas atingidas, principalmente aquelas com intensidades moderada
e grave, não houve mudanças significativas, quando comparado com o
traçado do mês de julho. Em relação aos impactos, estes se mantiveram
como sendo de curto e longo prazo.
Na avaliação de Raul Fritz, meteorologista da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a falta de precipitação
agravou ainda mais a situação do Estado. “Houve uma evolução das
condições de seca para pior, em relação ao mês passado. A área mais ao
Norte do Estado, que estava sem seca relativa, próximo do litoral entre
Fortaleza e o Oeste do Piauí, diminuiu. Nas demais regiões, houve uma
expansão. O Sul do Estado, como nas regiões do Inhamuns, Cariri e do
Vale do Jaguaribe foram as mais atingidas. Tínhamos seca grave nessas
áreas; passou-se para seca extrema”, explica o profissional.
A expectativa da Funceme é que o quadro possa mudar em dezembro deste
ano, principalmente para região Sul do Estado com a pré-estação chuvosa.
“São influências de sistemas frontais que atingem o Sul do Nordeste com
frentes frias que passam pela Bahia e trazem instabilidade para zona do
Cariri, mas nem sempre acontece”, ressalta Fritz.
Ainda na avaliação do meteorologista, os impactos serão sentidos na
falta de recursos hídricos que tendem a piorar. “Se tínhamos açudes com
níveis baixos, vão secar mais ainda. Os lençóis freáticos podem abaixar
ainda mais, os superficiais e os subterrâneos. Onde você tem cobertura
vegetal maior, o clima tende a melhorar o ambiente. Nessa época, o tempo
no Interior é quente por falta de nuvens mais densas e de chuvas. A
incidência de sol é ainda maior. Isso aquece a superfície que, por sua
vez, e aquece o ar. Normalmente temos temperaturas mais elevadas. O ar
fica mais seco”, conclui. Na semana passada, o Diário do Nordeste
publicou matéria informando que o Ceará não apresentava mais seca severa
com base no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden).
Segundo Raul Fritz, o dado é diferente da Funceme pois o Cemaden utiliza
índices diferentes no cálculo. “Entramos em contato para eles revisarem
os índices utilizados. Nós seguimos também um sistema internacional, só
que o do Cemaden é mais sensível. Nosso trabalho é mais refinado e
agrega nossas condições climáticas”.
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), no mês de agosto,
historicamente as chuvas com volumes mais expressivos, com acumulados
acima de 100 mm, se concentram na faixa da zona da mata e agreste, entre
o Estado da Paraíba e recôncavo baiano. No sul da Bahia, leste do Rio
Grande do Norte e noroeste do Maranhão, estes acumulados oscilam entre
50 mm e 100 mm. Nas demais áreas do Nordeste brasileiro, os volumes das
chuvas não ultrapassam os 25 mm.
Neste mês, os maiores volumes de chuvas (com acumulados variando entre
50 mm e 125 mm) se concentraram no extremo sul da Bahia e na faixa da
zona da mata, entre os estados de Pernambuco e Sergipe. Em pontos
isolados dessa faixa, a exemplo da cidade de Maceió e região
metropolitana foram registrados volumes mais elevados de chuvas, com
acumulados superando os 200 mm.
Abaixo
Na zona da mata paraibana e no extremo noroeste do Maranhão estes
acumulados variaram entre 25 mm e 50 mm. Nas demais áreas do Nordeste,
onde houve registro de chuvas, estes acumulados ficaram abaixo dos 25
mm. Em agosto, as chuvas ficaram em torno da normalidade em quase ,toda a
Região.
Naquelas áreas onde são esperadas precipitações, com volumes mais
expressivos, a exemplo da zona da mata e agreste, as chuvas que
ocorreram nesse mês variaram entre a normalidade a valores de até 50 mm
abaixo do normal na maior parte dessas áreas. Já no extremo sul da Bahia
e na área de abrangência do município de Maceió, as chuvas de agosto
ficaram com até 50 mm acima da normalidade.
Diário do Nordeste Online


