A vacina contra zika desenvolvida
pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) apresentou resultado positivo nos testes em
camundongos e macacos. A aplicação de uma única dose da vacina preveniu a
transmissão da doença nos animais e, durante a gestação, o contágio dos
filhotes.
“É um dos mais avançados estudos
para a oferta de uma futura vacina contra a doença para proteger mulheres e
crianças da microcefalia e outras alterações neurológicas causadas pelo vírus”,
informou o Ministério da Saúde.
Os dados foram divulgados nesta
sexta-feira (22) pela revista Nature Communications, segundo a pasta.
Os testes pré-clínicos foram
realizados simultaneamente no Instituto Nacional de Saúde (NIH), Universidade
do Texas e Universidade Washington, dos Estados Unidos, todos parceiros da
pesquisa.
Os testes obtiveram sucesso em
seu objetivo, que é impedir que o vírus zika cause microcefalia e outras
alterações do sistema nervoso central tanto nos camundongos quanto nos macacos.
Já os testes em humanos devem ser realizados, a partir de 2019, na
Fiocruz/Biomanginhos, no Rio de Janeiro.
Do grupo controle que não tomou a
vacina, as fêmeas de camundongos tiveram aborto por conta da transmissão do
vírus zika ou seus filhotes nasceram com microcefalia e outras alterações
neurológicas.
Esterilidade em machos
Além dos testes em fêmeas, foram feitos
testes em camundongos machos. Um dos achados científicos inéditos é que o vírus
Zika pode ser capaz de causar esterilidade. A infecção nos animais reduziu
consideravelmente a quantidade de espermatozoides, a mobilidade deles (ficaram
praticamente imóveis) e o tamanho dos testículos (atrofia). Esses testes não
foram realizados nos macacos.
No entanto, segundo o ministério,
não é possível afirmar que o efeito também se aplique aos seres humanos e são
necessários mais estudos para entender a dimensão deste problema. Os testes da
vacina, entretanto, também tiveram sucesso na proteção dos camundongos machos.
A pesquisa ainda não chegou a
testar a capacidade dos animais de engravidarem fêmeas após os danos
constatados nos testículos, por isso, ainda não é possível apontar o impacto de
esterilização nesses animais.
“O que se sabe é que há uma
grande quantidade de vírus na excreção do esperma, que significa que o vírus
tem bastante capacidade de se replicar, causando a destruição das células que
resulta em diminuição dos testículos e, consequentemente, a esterilidade”,
disse o diretor do IEC, Pedro Vasconcelos, em nota.
A parceria entre o IEC e os
institutos norte-americanos para a pesquisa foi firmada em fevereiro de 2016, a
partir de acordo internacional para o desenvolvimento de vacina contra o vírus
Zika.
O Ministério da Saúde vai
destinar um total de R$ 7 milhões até 2021 para o desenvolvimento e produção da
vacina. O imunobiológico em desenvolvimento utiliza a tecnologia de vírus vivo
atenuado de apenas uma dose, capaz de estimular o sistema imunológico e
proteger o organismo da infecção.
(Agência Brasil)