Tiroteio deixa três mortos e criança ferida na zona norte do Rio

 

O trabalho realizado pelas Forças Armadas na favela da Rocinha, zona sul do Rio, não interrompeu a troca de tiros. Disparos foram registrados durante a madrugada e início da tarde do sábado (23), na comunidade que há uma semana é palco de conflito de traficantes.

Confrontos, com três mortes, também ocorreram à tarde em locais do outro lado da Floresta da Tijuca, que circunda a Rocinha e é usada pelos bandidos como esconderijo e rota de fuga. A Polícia Militar trocou tiros com suspeitos em pontos do Alto da Boa Vista, Tijuca e Santa Teresa. Nos dois primeiros casos, a Polícia Civil confirmou a suspeita de vínculo com os conflitos na Rocinha.

No Alto da Boa Vista, dois homens foram mortos e dois, presos, segundo a Polícia Civil. Foram apreendidos dois fuzis. Uma criança de 13 anos foi baleada e levada para o Hospital Souza Aguiar.Na Tijuca, uma pessoa foi morta em confronto com a PM e outra, presa. O Parque Nacional da Tijuca é o principal ponto de referência da cidade, definindo os bairros da zona sul, norte e oeste da capital. Com 4.200 hectares, frequentemente sua área é usada como esconderijo e rota de fuga das quadrilhas de traficantes.

O general Mauro Sinott afirmou que não há prazo para a saída das Forças Armadas do entorno da Rocinha. Os militares estão no local desde sexta-feira (22). "Os resultados dessa madrugada mostram que estamos no caminho certo", disse o oficial. O secretário de Segurança, Roberto Sá, declarou que o objetivo da polícia é fazer "prisões sem confronto". Ele se referia à possibilidade do traficante Rogério Avelino, o Rogério 157 se entregar - negociação não confirmada pelas autoridades. "Estamos mantendo a região estável. Mas ainda estamos fazendo buscas na mata", disse Sá.

Na madrugada, um novo tiroteio já tinha sido ouvido na favela, após uma noite aparentemente tranquila e depois do ministro da Defesa, Raul Jungmann, dizer que a favela estava "pacificada". Depois, novos disparos ocorreram na comunidade por volta das 13h deste sábado (23). Os tiros, que  ocorriam na parte alta da Rocinha, duraram cerca de dez minutos, e obrigaram militares e jornalistas a se abrigarem na 11ª delegacia, que fica no 'pé da favela'.

Conflito de facções

A Rocinha enfrenta confrontos entre facções pelo controle do tráfico desde domingo (17). O conflito envolve os traficantes Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em 2011, e seu sucessor no comando, Rogério 157. Nem  estaria insatisfeito com a atuação de Rogério, que passou a cobrar os moradores por serviços como água e mototáxi. Determinou a invasão de dentro de presídio federal em Rondônia, com apoio de criminosos da facção ADA (Amigo dos Amigos), a segunda maior do Rio. Rogério teve o reforço de bandidos do CV (Comando Vermelho).

A Polícia Civil prendeu na madrugada deste sábado Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob do Caju. Segundo a investigação, o criminoso é um dos responsáveis pela invasão da Rocinha no último domingo (17). Ele foi encontrado num bairro residencial da Ilha do Governador (zona norte) com uma pistola. A polícia também apreendeu dez fuzis que seriam levados do morro do Caju ao do São Carlos, para armar bandidos que dariam apoio ao tráfico na Rocinha.

A informação aponta que as armas foram utilizadas na invasão do último domingo, mas haviam retornado ao Caju em decorrência das operações policiais. A juíza Yedda Assunção decretou a prisão temporária de Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, preso há 15 anos, e outras 16 pessoas pela invasão da Rocinha. Celsinho, fundador da ADA, foi transferido do presídio federal de Porto Velho para o Rio em maio, de onde teria dado a ordem de apoio ao aliado Nem. Apesar dos novos confrontos, o comércio abriu na favela.

Nos acessos à comunidade, dezenas de carros e tanques do Exército reforçavam a segurança. Uma blitz de militares foi montada na estrada da Gávea. Homens do Exército utilizam drone para monitorar a região.

Diário do Nordeste

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