O futuro da menina Maria Edwirges, de 13 anos, moradora da comunidade do
Pau Fininho, no Papicu, foi decidido por integrantes de organizações
criminosas em um grupo de WhatsApp. A adolescente foi assassinada na
última quarta-feira, 4. O crime foi motivado pela suspeita de que a
menina estaria se aproximando de um grupo rival. Igor Lima Lopes, 18,
foi preso em flagrante suspeito do crime. Além dele, dois adolescentes
de 17 anos foram apreendidos. O crime foi elucidado pelo serviço
reservado do 22º Batalhão da Polícia Militar (BPM).
No celular apreendido com o trio, a Polícia encontrou a troca de
mensagens que resultou na decisão de matar a adolescente. Em áudios, é
possível ouvir o choro de Edwirges. Os participantes chegam a debochar
das lágrimas da garota e a culpam pelo fato de demonstrar medo.
Ao
comunicar que estava com a menina, um dos integrantes questiona no
grupo se ela era realmente a jovem que eles procuravam. Eles a acusam de
ter repassado informações sobre a organização para o grupo rival. Uma
foto de Edwirges é enviada para ajudar na identificação. Numa segunda
imagem, a menina já aparece com o olhar assustado, como se estivesse na
escuridão, surpreendida pelo flash da foto. Imediatamente, os áudios se
multiplicam, com mensagens ordenando a morte.
O mesmo homem que
está com Edwirges — que já foi identificado pela Polícia, mas ainda não
foi capturado — comenta a preocupação em manter a menina viva, em
cárcere, na comunidade do Pau Fininho, por ser próxima do 22º BPM. “Mato
ou não? Aqui no Pau Fininho é embaçado. O 22º Batalhão é aqui do lado”,
alerta.
O homem pressiona para que confirmem se ela é realmente a
garota “decretada” para morrer. E deixa claro que decidiria ali pela
soltura ou execução. Ao vasculhar o celular de Edwirges, ele diz ter
identificado um possível envolvimento dela com o grupo rival. As
mensagens pedindo pela execução se multiplicam. “Nós estamos olhando o
celular dela aqui, né? Tem as coisas tudo do (cita nome da facção) aqui.
Vai ser sal pra ela. Nós vamos matar ela”, decreta o executor.
A vida de Edwirges foi decidida em poucos minutos. O corpo dela foi
encontrado na rua Joaquim Lima, esquina com rua Doutor Francisco Matos,
no Papicu, com ferimentos a bala e perfurações a faca.
O serviço
reservado do 22º BPM, sob a coordenação do major Hideraldo Beline,
efetuou a prisão de Igor e a apreensão dos dois adolescentes. Com eles,
foram apreendidas três armas de fogo (dois revólveres e uma pistola
calibre 380), drogas e balança de precisão. Outros suspeitos foram
identificados. O grupo foi levado à Delegacia da Criança e do
Adolescente (DCA).
O Povo



