Por 44 votos a 26 em votação aberta, o plenário do Senado decidiu nesta
terça-feira (17) revogar o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG)
do mandato. Ele havia sido afastado em 26 de setembro por determinação
da 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) devido a investigações
decorrentes da delação premiada de executivos da JBS. Outras medidas da
Corte incluíram o recolhimento domiciliar noturno e a entrega do
passaporte à Justiça.
Ao todo, 71 dos 81 senadores compareceram à sessão, iniciada por volta
das 17h e com quase três horas de duração. Não houve abstenções.
Até mesmo senadores em licença médica votaram. Diante da necessidade de
que 41 senadores votem para derrubar as medidas impostas pelo STF
(Supremo Tribunal Federal) contra o senador afastado Aécio Neves
(PSDB-MG), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez um apelo inusitado
durante a sessão plenária desta terça-feira (17).
"É fundamental nós fazermos um apelo ao senador Paulo Bauer para que ele
faça um esforço a mais e venha", disse Calheiros, em referência ao
líder do PSDB no Senado, que deu entrada em um hospital de Brasília no
início da tarde com dor no tórax e foi inicialmente diagnosticado com
com crise hipertensiva.
Pouco antes, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), havia
informado ao plenário que Bauer passou mal, foi no hospital, mas estava a
caminho do Senado. A votação, que é nominal e aberta, foi iniciada às
18h56. Segundo Eunício, o tucano pediu que ele aguardasse a sua chegada
para encerrar o processo.
Nota divulgada pelo Instituto de Cardiologia do Distrito Federal
informou que o senador tucano permaneceria internado na unidade para
observação e que ele passou por uma cirurgia cardíaca de
revascularização há dois anos.
Bauer foi o autor do requerimento para que a análise do ofício do STF
que comunicou da decisão da 1ª Turma fosse votada com urgência, aprovado
no fim do mês passado.
Em tom bem-humorado, Renan lembrou outros "sacrifícios" de senadores. "O
senador João Alberto [Souza] (PMDB-AL) cancelou uma cirurgia e o
senador Romero Jucá teve arrancada metade das tripas e está aqui firme",
declarou, arrancando gargalhadas. "Isso é o linguajar nordestino",
ponderou Eunício, rindo.
Jucá foi submetido a uma cirurgia na última quarta (11) após uma crise
de diverticulite aguda --inflamação ou infecção no intestino. Ele saiu
do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, na segunda (15), e seu retorno
para o Senado estava previsto apenas para amanhã (18).
Outro senador que está de licença médica e mesmo assim compareceu à
votação foi Ronaldo Caiado (DEM-GO), que é líder do partido no Senado.
Ele chegou ao plenário em uma cadeira de rodas e postou seu voto nas
redes sociais.
Em nota divulgada ontem (16), sua assessoria de imprensa informou que
ele sofreu ele sofreu uma fratura no ombro após cair de uma mula em sua
fazenda em Goiás na sexta (13) e ficaria em "repouso absoluto, usando
analgésicos e anti-inflamatórios" durante uma semana.
Antes da votação, dez senadores ocuparam a tribuna para se manifestar.
Discursaram a favor do mandato de Aécio Jader Barbalho (PMDB-PA),
Telmário Mota (PTB-RR), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Roberto Rocha
(PSDB-MA) e Romero Jucá (PMDB-RR). A favor do afastamento, falaram
Alvaro Dias (Podemos-PR), Ana Amélia (PP-RS), Randolfe Rodrigues
(Rede-AP), Humberto Costa (PT-PE) e Reguffe (sem partido-DF).
Uol



