| Mulheres de detentos criticam a ação das garotas de programa, porque temem ser traídas pelos maridos |
Documentos que declaram uma união estável inexistente têm garantido
esquema de prostituição no Complexo Penitenciário de Itaitinga. Com a
documentação, as mulheres conseguem concluir cadastro de visitante nas
unidades para fazerem programas sexuais com detentos. Cada encontro
custaria, em média, R$ 200. No esquema, as garotas que já têm a carteira
de visitante aliciam outras para a atividade. A denúncia é feita por
esposas de presos e por agentes penitenciários.
Um servidor que
pediu para não ser identificado explica que não há como interferir na
atividade, uma vez que as mulheres estão documentadas com a carteira de
visitante. “Elas fazem de oito a dez programas por visita, cada um
custando uma média de R$ 200. Normalmente, eles (detentos) pagam por
meio de transferência de conta bancária ou algum parente faz o
pagamento”, relata a fonte.
Para entrar em qualquer unidade do Complexo Penitenciário, é
necessário ser familiar ou cônjuge do preso. Por isso, as “giriquitas” —
como são chamadas as mulheres que mantêm relações sexuais com os
detentos em troca de dinheiro — registram uma falsa união estável com um
detento. O interno com quem a mulher tem união estável passa a ter “o
direito” de manter relações sexuais com a visitante toda vez que ela for
à unidade.
Um agente penitenciário conta que presenciou uma
mulher levando outra para o primeiro programa. A novata chegou a
desistir na entrada da penitenciária, mas a outra a convenceu a entrar.
“Isso foi pela manhã. Mas só a vi saindo às 4 horas da tarde. Imagina
quantos homens ela atendeu durante esse tempo”, comentou o agente.
Esposas de detentos relatam indignação diante das “giriquitas” porque,
na visão delas, os detentos que contratam são, em sua maioria, casados.
Contraprova
O presidente do Conselho
Penitenciário (Copen), Cláudio Justa, diz que a prostituição no sistema
penitenciário está relacionada às lideranças de facções criminosas, que
buscam as profissionais para os faccionários. Conforme Justa, há
conhecimento da situação em todo o sistema penitenciário. Ele menciona
casos em que os detentos são abandonados pelas esposas ou não são
casados e, por isso, buscam uma profissional do sexo. “O corpo de
agentes penitenciários percebe isso, mas é difícil inibir o acesso, pois
elas são documentadas. Seria necessária uma contraprova”, relata.
Procurada pelo O POVO, a titular da Sejus, Socorro França, afirmou não ter conhecimento do esquema, mas ressaltou que é um caso a ser investigado.
O POVO


