Tema de redação do Enem surpreende professores

 
precária a formação de profissionais voltados para a educação de pessoas com deficiência auditiva. Na graduação, o que tem mais aparecido são disciplinas optativas. Porém, segundo Vinícius, os universitários acabam não cursando o módulo por acreditar que só vão ter estudantes tradicionais em suas futuras salas de aula. E quando se veem diante da necessidade, percebem que estão despreparados para ensinar alguém com surdez.
Para ele, o candidato deve abordar como ainda é
Em contrapartida, algumas medidas já começaram a aparecer, de acordo com ele, para motivar e valorizar a qualificação nessa área. "Em alguns concurso públicos, por exemplo, já estão oferecendo diferença no salário para quem tem pós-graduação em Libras", acrescenta.

Na conclusão, o texto poderia apresentar propostas de melhorias nessa área, como sugerir a criação de novas disciplinas durante a graduação voltados para o ensino aos surdos e levar esse novos profissionais não só para centros especializados, como também para escolas públicas convencionais, com salas e material didático adequados para esse público, o qual ainda é muito restrito e reduzido. Isso aumentaria a abrangência do ensino e permitiria que quem morasse longe dos institutos também pudessem aprender perto de casa.



O professor de redação Márcio Calixto, da escola Dínamis, do Rio de Janeiro, disse que esse não era um tema esperado. “Apesar de muito ter se falado sobre inclusão, mas principalmente dos portadores de necessidades especiais de uma maneira ampla, não dos surdos de forma específica. Não é um tema tranquilo de ser escrito, o aluno vai ter que se dedicar para poder encontrar os argumentos”, disse.

Calixto avaliou o tema deste ano como “extremamente humano e muito bem-vindo”. “Os temas do Enem têm sido sempre muito humanos, e eles não fugiram dessa característica. São temas que pedem uma proposta de intervenção, exigem do candidato uma visão mais completa, mais humana e mais empática, de se colocoar no lugar do outro que precisa de ajuda.”
A coordenadora de Redação do Colégio Sigma, de Brasília, Carolina Darolt, disse que a preparação dos alunos não envolveu essa questão específica. “Ninguém foi tão a fundo assim, abordando uma questão tão específica. Nós falamos sobre questões de minorias, de educação de maneira geral, sobre as deficiências”, contou.

Mesmo assim, ela avalia que o tema não é difícil, mas vai exigir que o candidato preste atenção nos textos oferecidos para subsidiar a redação. “É um tema muito tranquilo, mas vai exigir que o participante faça uma leitura atenta da coletânea. Se não ele corre o risco de abordar o tema tangencialmente, de falar sobre educação, sobre minorias, e esquecer de pontuar a questão da educação para os surdos. Essa é a única dificuldade.”

Diário do Nordeste

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