Julgamento de Ricardo José Guimarães acontece nesta quarta-feira (21) em Ribeirão Preto. Condenado a 72 anos por duas mortes em 1996, réu também responde por assassinato de jovem no Jardim Independência.
Ex-policial acusado de comandar grupo de extermínio vai a júri em Ribeirão Preto
Acusado de liderar um grupo de extermínio entre as décadas de 1990 e
2000, o ex-policial civil Ricardo José Guimarães vai a júri popular
nesta quarta-feira (21) pelo assassinato de uma dona de casa há 14 anos em Ribeirão Preto (SP).
O crime foi em março de 2004, quando Tatiana Assuzena, de 24 anos, foi
morta a tiros dentro de casa e na frente do filho, de 7 anos. Segundo o
Ministério Público, que pede pena máxima de prisão por homicídio
duplamente qualificado, a jovem foi baleada ao tentar defender o noivo,
desafeto de um amigo do ex-investigador.
Na sessão marcada para começar às 10h no Fórum de Ribeirão também serão
julgados o ex-investigador Rodrigo Cansian e Karina Modesto Grigolato,
acusados de participação na morte da dona de casa.
No ano passado, Guimarães foi condenado a 72 anos de prisão por homicídios de dois jovens na zona norte da cidade em 1996. Ele ainda espera o julgamento de um processo em que é acusado de mandar matar um jovem em 2003.
Diferente de Guimarães, preso há 11 anos em Tremembé (SP), os dois
conseguiram na Justiça o direito a responder ao processo em liberdade.
Procuradas pela EPTV,
afiliada da TV Globo, as defesas de Karina e Cansian disseram que
pedirão a absolvição dos acusados. A reportagem não conseguiu falar com o
advogado de defesa de Guimarães na terça-feira.
A Promotoria sustenta que Guimarães invadiu a casa no bairro Campos
Elíseos na noite de 24 de março de 2004, com a intenção de matar o noivo
de Tatiana, Almir Rogério da Silva.
Segundo o promotor de Justiça José Gaspar Figueiredo Menna Barreto,
Karina havia sido rejeitada por Almir, mas mantinha um relacionamento
amoroso com Rodrigo Cansian. Ela teria instigado o namorado a tramar o
assassinato por vingança.
“O Rodrigo passou esse serviço de execução pra um amigo dele também
policial, que era o Guimarães, já conhecido em Ribeirão pela morte de
várias pessoas. Ele foi fazer uma gentileza pro amigo e matar um
desafeto desse amigo.”
Ainda segundo a Promotoria, Tatiana foi morta porque se tornou um obstáculo à frente do policial ao tentar salvar o noivo.
“Ele nem a conhecia. Ele foi fazer um favor pro Rodrigo, que, na
verdade, foi instigado a agir assim pela Karina. O Guimarães veio a
matá-la com um tiro no tórax, na presença de um filho dela, de 7 anos”,
afirma Barreto. A arma usada no crime, uma pistola ponto 40, pertencia a
Cansian, portanto, de uso restrito da polícia.
Filho da dona de casa, Guilherme Eli Assuzena
lembra que estava em um colchão, ao lado da cama do casal, e acordou
com os gritos da mãe, tentando impedir a entrada de alguém. O rapaz é
uma das testemunhas de acusação do Ministério Público.
Segundo Assuzena, após a mãe ser baleada, Almir reagiu, evitando que o
ex-policial disparasse novamente, e eles lutaram até a chegada da
Polícia Militar.
Na época, Guimarães foi indiciado pelo assassinato de Tatiana e por
tentativa de homicídio contra o noivo dela. O ex-policial foi preso em
29 de março de 2004, mas fugiu em 9 de junho. Em 2007, foi preso
novamente e levado à Penitenciária de Tremembé, onde está desde então.
Em julho de 2017, após dois dias de julgamento, a Justiça de Ribeirão
Preto condenou o ex-policial civil pelas mortes de Anderson Luiz de
Souza e Enock de Oliveira Moura, em maio de 1996.
Ele foi condenado a 72 anos de prisão em regime fechado por homicídio duplamente qualificado e com agravantes por meios que dificultaram a defesa das vítimas.
Segundo a acusação,
os crimes ocorreram quando Guimarães chefiava um grupo de extermínio,
que atuou nas décadas de 1990 e 2000 em Ribeirão. Ele responde a
processos por outras mortes e está preso desde 2007 em Tremembé.
Em Ribeirão, Guimarães também deve voltar ao júri popular pela morte de
Thiago Xavier de Stefani, baleado com dois tiros na cabeça, no Jardim
Independência, em 2003.
O julgamento estava marcado para outubro do ano passado, mas acabou adiado porque
outro réu, acusado de executar os tiros, deve ser julgado primeiro ou
ao mesmo tempo que ele, de acordo com as normas do Código de Processo
Penal (CPP).
G1


