O apresentador Luciano Huck passou a ser encarado como uma opção do
centro político após voltar a avaliar uma possível candidatura à
Presidência. Nesta sexta-feira (9), o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) disse, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, que
Huck "está considerando a possibilidade" de se candidatar. O
apresentador intensificou nos últimos dias as consultas a políticos e
empresários sobre a viabilidade de seu nome na disputa presidencial.
Na quinta (8), Huck jantou em São Paulo com FHC e ontem tomou café da
manhã com o economista Paulo Guedes. O fundador do banco Pactual, que
atualmente aconselha o deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro
(PSC-RJ), foi o primeiro a estimular Huck e calcular potencial eleitoral
no apresentador da TV Globo. Ambos o incentivaram a manter o projeto.
Segundo relatos de pessoas próximas a Huck, ele disse ao economista que
estava surpreso positivamente com as manifestações de apoio que tem
recebido de representantes do mundo político mesmo depois de ter
anunciado no fim do ano passado que não seria candidato. O apresentador
voltou a se aconselhar com Guedes.
Embora reitere que está alinhado com o correligionário Geraldo Alckmin
(PSDB), Fernando Henrique tem sido um incentivador da candidatura de
Huck argumentando que é bom para o País ter "opções". Esta foi uma
avaliação consensual durante um almoço na terça-feira passada no
apartamento do ex-presidente, no bairro de Higienópolis. O almoço reuniu
FHC, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o governador do
Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB).
A análise é de que o campo político que vai da centro esquerda -
representada principalmente pelo PPS, sigla que tenta filiar Huck - aos
partidos liberais precisa ter "alternativas" ao governador paulista, que
já foi lançado pré-candidato, mas ainda não atingiu dois dígitos nas
pesquisas de intenção de voto.
Hartung é cotado como possível vice de Huck. Roberto Freire, presidente
do PPS, e o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga são
interlocutores frequentes dele. Maia, que no fim do ano passado tentou
atrair o apresentador para o DEM, mais recentemente passou a admitir que
ele mesmo pode se candidatar.
O destino de Huck é tratado como uma decisão de "foro íntimo", mas entre
líderes políticos a avaliação é de que "o olho dele está brilhando".
Com quem conversou nos últimos dias, o apresentador se mostra dividido
entre o que deseja a "pessoa física" e as obrigações da "pessoa
jurídica". A "pessoa física" está propensa a enfrentar o desafio de uma
candidatura, mas seus compromissos profissionais (contrato com TV e
patrocinadores) pesam contra. A TV Globo reforçou o pedido para que o
apresentador se defina antes do fim de fevereiro - de preferência logo
depois do carnaval. A nova grade de programação da emissora estreia em
abril. Uma decisão de Huck vai causar impacto em toda a formatação da TV
para 2018. Se decidir por disputar a Presidência, a emissora deve tirar
do ar o Caldeirão do Huck e o programa de sua mulher, Angélica.
"Ele está considerando a possibilidade", afirmou FHC. "Mas ele trabalha
na Globo, tem um contrato e tem que pesar estas coisas todas. Ele tem
que ver por qual seria o partido e como vai ser. Que eu saiba, não há
uma decisão por parte dele e não é uma decisão fácil. É uma decisão que
tem que ser dele. Eu não vou imaginar que eu possa influir, pois ele
sabe a minha posição."
Já Maia, agora pré-candidato, vê com ceticismo a possível candidatura.
"Se ele escreveu mais de uma vez que não é candidato, inclusive na
Justiça Eleitoral, não trabalho com esse assunto como uma opção. Se ele
mudar de opinião - e ele tem todo o direito de escrever uma coisa num
dia e outra no outro -, aí vai ser outro debate", disse à TV
Bandeirantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado