O desfile da União da Ilha deu
água na boca do público na Sapucaí. A escola contou na Avenida a história da
culinária brasileira, misturando influências indígenas, portuguesas e
africanas. No banquete insulano, teve coxinha, brigadeiro, tacacá, paçoca e,
claro, feijoada. A escola brincou ainda com o olfato do público e exalou
durante o desfile os aromas de café, abacaxi, melão, chocolate e limão. Mas
segundo o carnavalesco Severo Luzardo, a garra do componente foi o principal
ingrediente:
- Eu aposto na garra da Ilha. Tô
tranquilo. A escola está linda. Volto no sábado.
E o público parece que concordou,
pois durante toda a passagem da agremiação cantou com força. O sucesso, no
entanto, ficou por conta das paradonas feitas pela bateria do Mestre Ciça, que
fizeram sucesso. À frente dos ritmistas estava Gracyanne Barbosa, que voltou
com tudo em cima para o cargo de rainha de bateria. Conhecida por sua
disciplina na malhação, ela contou que se privou de uma série de coisas,
inclusive de sexo, para desfilar mais concentrada.
- Me privei de tudo! O Belo até
falou: ‘Amor, pelo amor de Deus’. Mas eu disse que só depois do desfile. Foi um
dia só também, mais do que isso eu não ia aguentar - revela a morena, que
representa uma rainha africana, com fantasia paga por ela e “à vista”.
A comissão de frente,
coreografada por Márcio Moura, representou um banquete com uma pitada de humor,
explicou o coreógrafo:
- Eu fui da época em que as
comissões só carregavam cangalhas. Hoje você é obrigado a fazer show, mas eu
acredito que o bailarinos resolvem bem. Todos os meus trabalhos tem humor. É
isso que vou apresentar (humor) através da gula. São 15 bailarinos e um ator
que descem do tripé durante apresentação e se tornam nobres, mas perdem a liga
e sobem para comer o leitão à pururuca.
As baianas vieram com saias
repletas de imagens de bananas. Os ritmistas são cozinheiros de raros sabores.
E, no fim, uma das fantasias lembrava o gosto do açaí. O último carro é um
grande botequim, considerado pela agremiação como uma “instituição nacional”.
Nele veio uma leva de chefs cariocas e do Brasil, entre eles precursores da boa
mesa como José Hugo Celidônio e Dânio Braga, além da nova geração desde Flávia
Quaresma até Pedro de Artagão. Chefs renomados como Claude Troisgrois e seu
escudeiro fiel Baptista também participaram da festa:
- Este enredo traduz o que a
gastronomia brasileira está vivendo, nunca falamos tanto no assunto e nunca
conhecemos tanto de mesa brasileira - destaca Pedro de Artagão.
Extra