O atleta cearense Alexandre Teles da Silva, estrela da equipe da
academia Boxe Thai de Nova Russas, no interior do Ceará, recebeu a
medalha de ouro na categoria sênior, com peso até 63,5 KG, no campeonato
promovido pela World Muay Thai Federation, na Tailândia, finalizado
hoje. Campeão Brasileiro na mesma categoria, Alexandre foi convocado
pela Confederação Brasileira de Muay Thai (CBMT). Na noite da última
sexta-feira, 16 de março (já sábado 17, no Brasil), Alexandre nocauteou
seu adversário, um atleta da Tunísia, com menos de um minuto de luta. O
nocaute pode ser conferido no vídeo postado no Facebook da CBMT:
https://www.facebook.com/confederacaobrasileirademuaythai/.
“Me preparei muito para estar aqui. Foi muito sacrifício, mas levar essa
medalha de ouro para a minha cidade compensou tudo”, afirmou o atleta,
que dedicou a vitória a seu treinador, José Alberto Rodrigues, da
academia Boxe Thai de Nova Russas, e ao irmão dele, o Grão Mestre Luiz
Alves, um dos introdutores do esporte no Brasil, falecido em 19 de março
de 2010.
Morador de Nova Russas, no sertão do Crateús, Alexandre treina o esporte
há 9 anos, com o técnico José Alberto. Em 2017 conseguiu sagrar-se
campeão brasileiro em sua categoria, mas achou que viajar para a
Tailândia, para disputar o mundial, era um sonho distante. “Juntando
passagem aérea, inscrição e demais despesas, eu precisava de cerca de R$
8 mil para conseguir competir. Achei que não ia dar”, conta o atleta,
que trabalha como técnico em uma empresa de telefonia celular do
interior do Ceará.
Em janeiro deste ano, no entanto, os moradores de Nova Russas se
mobilizaram e fizeram uma campanha de arrecadação de recursos. “Cada um
deu o que pôde. Fizemos até rifa para conseguir juntar os recursos. Mas,
de pouquinho em pouquinho, conseguimos comprar as passagens aéreas e o
dinheiro que ele precisava para estadia e alimentação. O povo ajudou.
Mas dos políticos, da prefeitura e da secretaria de esportes não
recebemos nem um tostão”, conta José Alberto.
“Eu agradeço a cada novarussense que me ajudou. Teve gente que deu R$
10, que era o que podia. Teve gente que podia ajudar mais, mas não
ajudou. Mas com o esforço de tantos amigos conseguimos conquistar esta
medalha, que não é apenas minha, mas de Nova Russas”, afirma o campeão
mundial
Casado e pai de uma menina, o atleta trabalha como técnico instalador de
equipamentos em antenas de celulares no Sertão. Divide o dia a dia
pesado, pendurado em antenas altas e com o sol escaldante na cabeça, com
treinos diários, algumas vezes duas vezes por dia. “Além de ter um
chute forte, demolidor mesmo, e um jeb (soco) certeiro, Alexandre é
muito resistente. Como a gente diz no mundo da luta, é um atleta
casca-grossa. Eu tinha certeza que ele conquistaria essa medalha de
ouro. Era só uma questão de ter oportunidade”, explica o treinador José
Alberto.
O Globo



