Numa época em que o transporte de passageiros e cargas dependia de
tração animal e das condições climáticas, em longos e exaustivos
percursos, a chegada do trem teve um grande impacto, gerando
desenvolvimento por onde passava. No Ceará do fim do século XIX não foi
diferente.
Com a Estrada de Ferro de Baturité, partindo de Fortaleza, foi dado o
primeiro passo. Após a sua incorporação pelo Império, veio o
prolongamento até Crato e a criação da Estrada de Ferro de Sobral.
Essa incursão pelo Norte do Estado começou no então promissor Porto de
Camocim, por onde, em 1880, chegaram as primeiras locomotivas e vagões, e
seguiu em direção à já desenvolvida Sobral. O impulso era tamanho que a
cada estação o povoado ia se emancipando dos municípios de origem.
Camocim mesmo logo se desligou de Granja.
Em 1910, a inglesa The South American Railway Construction Limited
assumiu a construção e operação da Ferrovia, que dois anos depois chegou
a Crateús, última parada antes de alcançar o Piauí.
Foram tempos de tanta felicidade e fartura que os moradores de Ipu, por
exemplo, se uniram para evitar que o maior símbolo dessa época, o
prédio de arquitetura neoclássica inglesa da Estação Ferroviária, se
perdesse no tempo.
Em 1950, porém, ao mesmo tempo em que o governo brasileiro investia
fortemente em rodovias, com a chegada da indústria automobilística ao
País, houve a ligação de Sobral a Fortaleza, via Itapipoca, e o Ramal
Sobral-Camocim passou a definhar porque não era mais necessário o Porto
de Camocim para escoar os produtos. De Sobral, seguia para Fortaleza.
Aquela que foi a primeira Estação da Estrada de Ferro de Sobral viu seu
último trem de passageiros em 1977.
Hoje, o transporte de passageiros ainda é realidade no Estado, embora
seja para poucos. São duas linhas de metrô partindo de Fortaleza para
Caucaia e Pacatuba, o VLT de Fortaleza, que, por enquanto liga apenas
Mucuripe e Parangaba, em operação assistida; e os metrôs do Cariri
(Crato-Juazeiro do Norte) e Sobral.
Por outro lado, as cargas seguem pelos trilhos do Ceará, que hoje ligam
os portos do Mucuripe, Pecém e Itaqui, no Maranhão, pela Ferrovia
Transnordestina Logística (FTL). Já as obras para alcançar o Porto de
Suape, em Pernambuco, seguem a cargo da Transnordestina Logística
Sociedade Anônima (TLSA). É disso que trata o DOC Ceará sobre trilhos
pela Linha Norte.
Diário do Nordeste