"O êxodo venezuelano, para o Brasil e para a Colômbia, perturba os países da América Latina e nós fizemos questão de evidenciar que a nossa relação com a Venezuela é institucional, é de Estado e Estado, mas não significa que nós patrocinemos o que está acontecendo na Venezuela sob foco político", disse Temer à imprensa após reunir-se com Santos no Palácio do Planalto.
"O que queremos é a pacificação política na Venezuela, a democracia plena nas eleições e a não agressão aos que se opõem ao regime que ora está constituído", acrescentou.
Por sua vez, Santos ressaltou que os presidentes fazem um apelo ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para que aceite a ajuda humanitária ofertada
por países como a Colômbia e Brasil. "Não entendemos como recusam esse
tipo de ajuda quando a crise humanitária se agrava dia após dia".
No Brasil, cerca de 32 mil venezuelanos já pediram refúgio
ou residência temporária desde 2015, quando começou o fluxo migratório
para o país, informou a Casa Civil. Mas o fluxo na fronteira é ainda
maior, já que muitos deles voltam à Venezuela para buscar familiares ou
para levar dinheiro para quem ficou. Por dia, entram de 600 a 800
venezuelanos no Brasil, mas eles não necessariamente se estabeleceram
aqui.
De acordo com a organização não governamental (ONG) Conectas, 600 mil venezuelanos entraram na Colômbia nesse
último período de crise, mas o país tem fechado a fronteira em alguns
momentos e passou a exigir passaporte dos imigrantes.
Em 2016, Santos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços para pôr
fim à guerra civil no país, que durou mais de 50 anos e matou pelo
menos 220 mil colombianos. Ele firmou um acordo de paz com as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha do país,
no qual as Farc se comprometem a abandonar as armas e as técnicas de
guerra, além de se tornar um partido político, a Força Alternativa
Revolucionária do Comum, que conservou a sigla.
No discurso a imprensa, Santos enfatizou: "O crime organizado se
combate de várias maneiras, mas a mais efetiva é a inteligência". De
acordo com ele, a questão das fronteiras do Brasil e Colômbia foi também
discutido no encontro. Os países pretendem fortalecer a relação na área
de segurança para combater o narcotráfico e outras práticas ilegais.
No brinde feito após a cerimônia no Planalto, no Palácio do Itamaraty,
Temer disse: "A maior coragem é harmonizar as reações dentro do país e
portanto buscar a paz, isso que é corajoso e não foi sem razão que
recebeu o Nobel da Paz".
Acordos
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, veio ao Brasil a convite
do presidente Michel Temer, acompanhado por seus ministros das Relações
Exteriores, da Defesa, do Comércio, da Agricultura e do Meio Ambiente.
Os presidentes trataram de temas da agenda bilateral, como apoio
brasileiro ao processo de paz na Colômbia, comércio, investimentos,
cooperação em agricultura familiar e desminagem, segurança nas
fronteiras e desenvolvimento fronteiriço. Também abordaram temas
regionais, em especial a aproximação entre o Mercosul e a Aliança do
Pacífico, a crise venezuelana e o fluxo migratório dela decorrente.
Os países firmaram um entendimento para a cooperação na agricultura familiar e o desenvolvimento rural e
um entendimento para de ajuda bilateral no desenvolvimento de micro,
pequenas e médias empresas e artesanato. Além disso, firmaram uma
declaração conjunta que reconhece o Certificado de Origem Digital como
instrumento para simplificar os procedimentos comerciais entre Brasil e
Colômbia.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a Colômbia é parceira estratégica do Brasil.
O comércio bilateral cresceu 25% e alcançou US$ 3,9 bilhões em 2017,
com superávit para o Brasil de aproximadamente US$ 1 bilhão. Entre as
exportações brasileiras para a Colômbia, 92,8% são produtos
manufaturados.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos aponta o
país vizinho como segundo destino de interesse para internacionalização
de empresas brasileiras, atrás somente dos Estados Unidos.
Diário do Nordeste



