O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer discutir uma
candidatura alternativa à sua na corrida presidencial deste ano, sob
alegação de que isso daria como fato consumado que ele estaria fora do
páreo. Sua disposição é brigar até o fim.
As afirmações foram feitas em entrevista exclusiva à colunista Mônica
Bérgamo, do jornal Folha de S.Paulo. Nela, Lula diz que está preparado
para ser preso, mas acredita que será inocentado. "Eu acredito na
democracia, eu acredito na Justiça. E acredito que essas pessoas, o juiz
Sérgio Moro e os desembargadores, mereciam ser exoneradas a bem do
serviço público", destacou o petista.
Na quarta-feira (28), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anunciou o
adiamento do julgamento do habeas corpus impetrado pela defesa de Lula,
condenado no caso do triplex do Guarujá (SP), que estava marcado para
esta quinta-feira (1º). O julgamento passou para o dia 6 de março, às
13h.
A alteração da data foi comunicada pelo gabinete do ministro relator do
pedido de liberdade, ministro Felix Fischer, e foi feita a pedido da
defesa do petista em razão de problemas de saúde de seu advogado
Sepúlveda Pertence, que faria sustentação oral.
Na entrevista à Folha, Lula diz esperar que o STF - que deverá julgar o
habeas corpus no qual sua defesa pede para ele não ser preso - analise o
processo, depoimentos e provas e tome uma decisão. "Por isso tenho a
crença de que vou ser candidato", frisou.
Na entrevista, Lula diz que lamenta a postura de seu ex-ministro Antonio
Palocci, hoje preso, e que no ano passado, em depoimento ao juiz Sérgio
Moro, citou um "pacto de sangue" entre Lula e a Odebrecht que tinha o
foco em um pacote de propinas de cerca de US$ 1 milhão. Para o petista, a
história de Palocci se esvaiu com isso. "O Palocci demonstrou gostar de
dinheiro. Quem faz delação quer ficar com uma parte daquilo de que se
apoderou. Não vejo outra explicação", argumentou.
Estadão Conteúdo



