presidente Michel Temer não esconde mais o seu desejo de disputar a reeleição presidencial. Mesmo com os baixos índices de aprovação - 6% conforme dados do do Instituto Ibope -, o presidente se considera capaz de defender seu legado. A informação é do jornal Estado de S. Paulo. Embora ciente de que a baixa popularidade está sendo um obstáculo para sua candidatura, ele acredita que poderá melhorar de situação mediante a recuperação da economia do País, dentre outras medidas que pretende adotar até o final de seu mandato.
Temer tem outra vantagem, ele não sofre apressão do calendário
eleitoral, já que pela legislação o futuro candidato não precisa deixar o
cargo até abril para concorrer. O mesmo não acontece, por exemplo, com o
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o qual precisa,
obrigatoriamente, deixar a pasta nos próximos dias se quiser concorrer
ao Planalto. Por isso, Temer não tem pressa - podendo decidir até julho -
o anúncio oficial de sua candidatura. Com isso, evita também a
politização de todas as futuras ações de seu governo.
Desde que assumiu o governo, Temer se comprometeu com os partidos
aliados a não tentar a reeleição em troca da sustentação política.
Entretanto, o quadro que havia em 2016 mudou radicalmente, na sua
avaliação. O senador tucano Aécio Neves (MG), que poderia ser um
candidato em potencial em 2018, saiu do páreo depois das investigações
abertas a partir do escândalo da J&F. Além disso, depois de ser
central na formação do primeiro escalão de Temer, o PSDB passou a adotar
tom crítico e se afastou do governo federal.
Temer também se considerou livre de qualquer compromisso formal com o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, depois de avaliar que o
pré-candidato tucano não se empenhou para impedir que a bancada paulista
do PSDB votasse a favor dos pedidos de seu afastamento. A relação
também mudou com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara,
que também já se lançou pré-candidato ao Planalto, com o discurso de
afastamento do governo e afirmando que não defenderia o legado de Temer.
É esta a mensagem que Maia tem apresentado na maratona de viagens pelo
País iniciada na sexta-feira passada.Com a relação mudada, Temer se
sente liberado para não manter a promessa e tentar se viabilizar para
buscar um novo mandato.
A baixa popularidade popularidade de Temer faz com que vários de seus
aliados, dentro do MDB, preferem que ele cumpra apenas seu mandato até o
fim e libere o partido para tomar outros rumos.Nos Estados como Ceará,
Alagoas e Goiás, inclusive, o MDB deve fechar alianças regionais com o
PT, que hoje representa o principal opositor ao Planalto. Além disso,
uma recuperação da economia mais lenta do que o esperado pode frustrar
de vez os planos do presidente e convencê-lo a desistir da empreitada.
Se ficar convencido de sua inviabilidade, Temer fará o movimento na
direção de outro nome, como o do ministro Henrique Meirelles. Mesmo que
não se filie ao MDB, mas sim a outra legenda, Meirelles seria uma boa
alternativa na visão do presidente. Se for eleito, Meirelles diz que
prioridade do governo será garantir emprego.
Alguns fatores fizeram com que o presidente se motivasse a tentar um
novo mandato. Quer defender sua biografia pessoal e profissional. Acha
que na campanha poderá mostrar que conduziu o País para a recuperação
econômica num dos momentos mais graves de nossa história.
Durante seu mandato, ele foi denunciado duas vezes pela Procuradoria
Geral da República, com base nas delações de executivos da JBS, mas as
denúncias foram derrubadas em votação no plenário da Câmara.
Estadão Conteúdo