Em Fortaleza, a polícia trocou
tiros com bandidos que atacaram a sede da Secretaria de Justiça do estado do
Ceará.
Era 1h30 deste sábado (24) quando
criminosos passaram atirando contra o prédio. O secretário de Segurança Pública
do Ceará, André Costa, disse que o policiamento tinha sido reforçado porque o
ataque à sede da Secretaria de Justiça já era esperado. “Eles começaram a
efetuar disparos, tentaram lançar uma granada. Foi o momento em que nossos
policiais reagiram à altura”.
O tiroteio durou pelo menos cinco
minutos e assustou a vizinhança. “Foram umas duas bombas para depois começarem
os tiros. Foi assim, filme de terror”, diz uma testemunha que não quis se
identificar.
Três suspeitos morreram. Eles
ainda não estão nas estatísticas que registraram mais de mil mortes em apenas
dois meses e meio no estado do Ceará. Em 2018, o número de vítimas é quase 40%
maior do que o registrado no mesmo período de 2017.
O operador de caixa Carlos Vitor,
baleado na chacina que deixou sete mortos neste mês em Fortaleza. "A gente
não consegue acreditar, ainda mais dessa forma que a gente nunca
esperava", conta um homem que não quis se identificar.
Foram quatro chacinas em 2018 no
Ceará. Entre elas, a maior registrada no estado, com 14 mortos numa casa de
forró. As chacinas ganharam repercussão e a promessa do governo de empenho para
esclarecimento do crime. Mas, em 2018, no Ceará, são, em média, 14 mortes por
dia e a maioria dos casos fica sem solução.
O neto de um homem foi baleado na
saída de um show em Fortaleza. Tinha 18 anos, estudava e fazia curso de design
gráfico. Agora, a família toda tem medo dos criminosos que continuam à solta.
"Não existe proteção. É muita gente para proteger. E quem vai
proteger?", questiona o avô.
Em março, foi anunciada a
instalação de um centro de inteligência no Ceará para investigar ações do crime
organizado, mas, para o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da
UFC, Fábio Paiva, a prioridade também deve ser o combate aos crimes que já
viraram rotina na periferia e que geram a maioria dos homicídios. “São centenas
de milhares de crimes que não são investigados, que não são tratados pelo poder
judiciário e isso passa a ideia de que eu posso matar e, de certa maneira,
ficar impune", avalia o especialista.
É como está o assassinato do
filho de uma mulher que não quis se identificar, executado no bairro onde
morava ao chegar do trabalho. "A minha vida não é mais a mesma. A dor da
família é que fica. Na verdade, quem se enterra é a gente", afirma.
A Secretaria de Segurança do
Ceará declarou que aumentou em 50% o efetivo da Polícia Civil e em 30% o da
Polícia Militar. E também dobrou o número de delegacias especializadas em
homicídios.
Na noite deste sábado (24),
criminosos atacaram três ônibus em Fortaleza. Ninguém se feriu.
Jornal Nacional