Um bebê de seis meses foi atingido por uma bala perdida no ombro dentro de um colégio particular na região do Cosme Velho, zona sul do Rio de Janeiro, por volta das 20h desta segunda-feira (14).
O bebê estava no colo da mãe no pátio do Colégio São Vicente de Paulo
quando foi baleado. Ele foi levado a um hospital da região, mas não há
informações sobre o estado de saúde. Segundo a Polícia Militar, não
havia confronto entre militares e criminosos na região no momento em que
a criança foi baleada.
No último sábado (12), o Rio registrou a primeira morte provocada por
militar desde o início da intervenção federal na segurança pública,
iniciada em fevereiro após a escalada de crimes. Diego Augusto Ferreira
morreu após ter sido baleado por um soldado na rua Salustiano da Silva,
em Magalhães Bastos, zona norte da capital. Segundo o CML (Comando
Militar do Leste), ele tentou furar um posto de bloqueio e controle do
Exército e foi atingido por tiros.
A morte de Ferreira não foi registrada na Delegacia de Homicídios nem
comunicada ao Batalhão da Polícia Militar da região. O caso é
investigado por um IPM (Inquérito Policial Militar).
Medo da violência
Pesquisa Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública revela que nove em cada dez moradores da cidade do Rio têm medo
de tiroteio, bala perdida ou de morrer em um assalto. Também mostra que
um terço da população esteve no meio de um confronto nos últimos 12
meses.
A pesquisa, realizada de 20 a 22 do mês março, aponta que 73% dos
moradores do Rio gostariam de deixar a cidade por causa da violência. E
indica exatamente o que os moradores da capital temem.
O medo está em todas as partes da cidade. Moradores de favelas ou de
outras áreas temem da mesma forma estar em um tiroteio, ser atingidos
por bala perdida e morrer ou se ferir em um assalto. Entre esses dois
grupos, a principal diferença está no medo de ser vítima de violência
das polícias, ser acusado de um crime e ter um filho preso injustamente.
Segundo o levantamento, com margem de erro de três pontos percentuais
para mais e para menos, ter objetos de valor tomados à força num
assalto, morrer assassinado, ser vítima de fraude, ter o celular roubado
e ter sua casa invadida são situações temidas por 84% a 89% dos
entrevistados.
Quando se fala em estar no meio do fogo cruzado entre bandidos e
polícia, a diferença entre o receio e a concretização desse temor é
estreita: 39% acreditam que há muita chance de isso acontecer, enquanto
30% estiveram de fato nessa situação no último ano. Três em cada quatro
ainda relatam ter ouvido um tiroteio nesse período.
Segundo Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, as respostas refletem as particularidades da
violência no Rio em comparação com outras cidades.
Para Samira, alguns dos temores de moradores do Rio são similares ao da
população do resto do país, como ter a casa invadida, se envolver em
brigas e receber uma ligação de bandidos exigindo dinheiro.
"Mas, no Rio, o medo é mais difuso. As pessoas têm medo mesmo em
lugares onde deveriam se sentir seguras, como em casa. Vemos isso na
proporção de pessoas que temem ser vítimas de bala perdida [92%]",
disse.
Diário do Nordeste