Um dos setores mais afetados pela paralisação dos caminhoneiros, os
supermercados já estão sofrendo com o desabastecimento de alguns
produtos, especialmente os perecíveis. Hortifrutigranjeiros, leite e
derivados, carnes e massas estão entre os primeiros a faltar nas
prateleiras e geladeiras.
“No meu supermercado, em um dia normal, recebo cerca de 20 caminhões de
fornecedores, em outros – como véspera de fim de semana ou feriado -,
recebo 60 caminhões. Desde quarta-feira (23) não chegou nenhuma
mercadoria”, revela Gerardo Vieira Albuquerque, presidente da Associação
Cearense de Supermercados (Acesu).
Paralisados há cinco dias, caminhoneiros de todo o país interditam
estradas em protesto contra os seguidos aumentos do óleio diesel. Eles
reivindicam redução de impostos sobre o preço do diesel, como PIS/Cofins
e ICMS, e o fim da cobrança de pedágios dos caminhões que trafegam
vazios nas rodovias federais concedidas à iniciativa privada.
E se o desabastecimento já está chegando aos produtos considerados
duráveis – como enlatados – a situação se agrava quando se fala de
hortifrutigranjeiros. “Os produtos que chegam à Ceasa de São Paulo,
Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, por exemplo, estão apodrecendo nos
caminhões".
"Além disso, mesmo que a paralisação termine imediatamente, vamos
continuar um tempo sem esses produtos porque os produtores vão ficar em
dúvida se devem, ou não, realizar a colheita, pois ainda fica a dúvida
se os produtos vão chegar ao destino”, explica o empresário.
Por causa da incerteza quanto às entregas, muitos supermercados estão
limitando a quantidade de produtos por cliente. “A tendência é piorar.
Não tenho esperança de que o Governo Federal e os trabalhadores entrem
em algum acordo nos próximos dias. Então, se alguém estiver precisando
de algum produto é melhor comprar imediatamente, porque amanhã pode não
encontrar”, alerta o presidente da Acesu.
G1