A maioria das armas de fogo
apreendidas pelas Forças de Segurança no Ceará, entre 2013 e 2016, tem cano
curto, calibre comum e origem brasileira, segundo a pesquisa "De onde vêm
as armas do crime apreendidas no Nordeste?", realizada pelo Instituto Sou
da Paz, a partir de dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação junto às
Secretarias de Segurança Pública e/ou Defesa Social do Nordeste.
Neste período, os policiais
cearenses apreenderam 6.615 armas de fogo, sendo 3.910 revólveres (59,11% do
total), 1.553 espingardas (23,48%), 981 pistolas (14,83%), 74 fuzis ou rifles
(1,12%) e outras 97 armas - entre carabina, garrucha, escopeta, metralhadora e
submetralhadora (pouco mais de 1%).
Essa tendência se repete nos
outros estados do Nordeste. "Essa constatação é importante para
desmistificar a percepção difundida de que as armas usadas em crimes seriam
majoritariamente frutos do tráfico internacional de armas quando, na verdade, o
mercado legal, ao sofrer desvios, contribui para abastecer o mercado
ilegal", analisa Ivan Marques, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz.
Segundo o Instituto, apenas o
Ceará e Alagoas apresentaram todos os dados solicitados para a produção do
relatório. Os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão
enviaram dados parciais. Já os estados da Bahia, Pernambuco e Sergipe não
forneceram nenhum dado sobre o perfil das armas apreendidas pelas suas forças
de segurança
Os números preliminares do
estudo, que será concluído ainda esta semana, mostram que o Ceará, dentre os
estados que responderam à pesquisa, apresentou o maior número de armas
apreendidas, nos anos de 2013, 2015 e 2016. Em 2014, Pernambuco ficou em
primeiro lugar neste ranking.
"É crucial que os estados e
o governo federal cooperem entre si na troca de informações e invistam na
análise constante da origem das armas apreendidas para que seus padrões possam
ser rapidamente identificados e as fontes de fornecimento de armas para o crime
possam ser reprimidas", sugere Ivan Marques.
Diário do Nordeste