Além de São Paulo, os estados que
concentram o maior número de bandidos inscritos na facção – os chamados
batizados – são Paraná e Ceará.
Uma investigação da Polícia de São Paulo
após a execução do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Rogério
Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, descobriu detalhes da atuação e da
expansão da maior facção criminosa do País.
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(Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue. Foto: SAP/Divulgação) |
Segundo revelou o jornal ‘O Estado de S.
Paulo’, deste domingo (3), documentos apreendidos após a morte de
traficante detalham a estrutura montada pelo PCC para o tráfico
internacional de drogas em São Paulo, em outros estados do Brasil e em
cinco países da América do Sul (Colômbia, Paraguai, Bolívia, Peru e
Guiana).
Segundo ‘O Estado’, provas da
investigação policial mostram a evolução das rendas do grupo e sua
ligação com o primeiro cartel de drogas chefiado por um brasileiro:
Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Os negócios particulares dos
líderes e da própria facção têm um faturamento estimado em, pelo menos,
R$ 400 milhões por ano.
Alguns policiais acreditam que esse
número pode chegar a cerca de R$ 800 milhões, o que colocaria o PCC
entre as 500 maiores empresas do País. Seu tamanho dependeria da
quantidade de drogas que o cartel liderado por Fuminho e os líderes do
PCC conseguem exportar nos Portos de Santos, Itajaí, Rio e Fortaleza.
Entre as descobertas da polícia, diz a
reportagem, remessas de dinheiro da facção foram feitas para um doleiro
da capital paulista. Esta não foi a primeira vez que a polícia descobriu
um esquema de lavagem de dinheiro da facção. Para o promotor de Justiça
Lincoln Gakiya, o PCC ainda é uma organização de tipo pré-mafiosa, pois
lhe falta conhecimento para fazer a lavagem de dinheiro.
Em 2014, a polícia detectou um esquema
que envolvia uma transportadora de cargas fantasma que movimentou R$ 100
milhões por meio de duas corretoras de valores, que enviavam o dinheiro
do crime organizado para a China e para os Estados Unidos.
Atuação no Ceará
Em quatro anos, o total de integrantes
do PCC mapeados pelo censo da organização em outros Estados foi
multiplicado por seis. Além de São Paulo (10.992), os estados que
concentram o maior número de bandidos inscritos na facção – os chamados
batizados – são Paraná (2.829) e Ceará (2.582).
De acordo com o promotor Lincoln Gakiya,
do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco),
ouvido pela reportagem de ‘O Estado’, o PCC estabeleceu metas para a
expansão interestadual. Para tanto, a facção está promovendo a
estruturação do chamado “progresso”, que são as fontes de renda da
organização: a caixinha, a rifa e o tráfico.
Gegê começou a cobrar um pedágio de
Fuminho e usou o dinheiro para comprar imóveis no Ceará, em vez de
entregá-lo para o caixa do grupo. Ao descobrirem o desvio, Gegê teve o
destino selado. Fuminho mandou assassiná-lo. A cúpula reagiu e decidiu
matar os envolvidos na execução.
Acerto de contas
Só depois de Fuminho apresentar as
provas de que Gegê estava roubando o grupo é que a cúpula decidiu
perdoá-lo. Os pontos de varejo de drogas dominados por ele em São Paulo –
região da Avenida Presidente Wilson e na Favela de Heliópolis -, que
haviam sido tomados pela facção, foram devolvidos recentemente pelo PCC.
José Adinaldo Moura, o Nado e Wagner
Ferreira da Silva, o Cabelo Duro trabalhariam para Fuminho, que era
apontado como sócio do líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o
Marcola. Gegê do Mangue, que havia saído da cadeia em 2017, teria
descoberto que eles usavam a logística montada pelo PCC para traficar
drogas sem pagar à facção. Os dois eram acusados de participar no Ceará
do assassinato de Gegê do Mangue em fevereiro e acabaram mortos pela
facção a mando da cúpula.
Gegê começou a cobrar um pedágio de
Fuminho e usou o dinheiro para comprar imóveis no Ceará, em vez de
entregá-lo para o caixa do grupo. Ao descobrirem o desvio, Gegê teve o
destino selado. Fuminho mandou assassiná-lo. A cúpula reagiu e decidiu
matar os envolvidos na execução. Só depois de Fuminho apresentar as
provas de que Gegê estava roubando o grupo é que a cúpula decidiu
perdoá-lo.
(Tribuna do Ceará)