O Dia do Agricultor, celebrado neste sábado (28), traz a lembrança da
baixa escolaridade dos trabalhadores do campo no Ceará: 23,92% deles
nunca frequentaram uma escola. São 94 mil profissionais do agronegócio
sem nível de escolaridade, conforme o Censo Agropecuário, divulgado
nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
A dificuldade em ir para escola é comum é muitos agricultores do Ceará;
a histórica de José Raimundo Sousa, de Canindé, é compartilhada por
muitos colegas: "a gente tinha que trabalhar desde cedo, ajudar os pais
na roça, nunca tive tempo para estudar", conta. A oportunidade que ele
não teve agora é dada aos filhos.
Ainda conforme o estudo, 37 agricultores do Ceará 37 mil (9,4%)
trabalhadores do campo no Ceará concluíram o ensino médio; 7,2 mil são
graduados.
Homem substituído pela máquina
A pesquisa revela a redução no número de trabalhadores nas
propriedades, enquanto cresce o de máquinas, num processo de
substituição do homem por equipamentos tecnológicos. "Conforme há uma
mecanização dos processos, o número de pessoal ocupado vai diminuindo,
assim como ocorreu em outros setores", explica Antonio Florido,
coordenador do Censo.
Em 11 anos, os ocupados nos estabelecimentos agropecuários em todo o
Brasil diminuíram em 1,5 milhão de pessoas. No ano passado, eram 15
milhões de trabalhadores nessas propriedades.
Já o número de tratores cresceu 49,7% no período, totalizando 1,22
milhão de unidades em 2017. Os estados da região Norte lideraram a alta.
Amapá e Roraima tiveram crescimento de 304% e 293% no número de
tratores existentes nas propriedades entre 2006 e 2017.
Homem pardo de meia idade
O perfil médio do agricultor cearense é de pessoas do sexo masculino,
pardo e de idade entre 30 e 60 anos, conforme o Censo Agropecuário do
IBGE.
Os homens representam 79% dos trabalhadores do campo. Apesar de serem
maioria, essa diferença reduziu ao longo das últimas décadas. Em 1975,
eles eram mais de 95% do total de profissionais rurais no Ceará.
G1