O ipuense Antônio Carlos de Sousa, o 'Escobar', que já tinha passagem pela Polícia por furto, foi preso acusado de integrar quadrilha interestadual, especializada em ataques a instituições financeiras.
Três membros de uma quadrilha interestadual, especializada em ataques a
instituições financeiras, foram presos pela Delegacia de Roubos e
Furtos (DRF), da Polícia Civil, no Interior do Estado, após uma
investigação que durou cerca de cinco meses. Entre os suspeitos está um
sequestrador. Com eles, foi apreendido armamento pesado, inclusive dois
fuzis calibre Ponto 50 e mais de 40kg de explosivos.
O principal nome do bando é Erismar Mariz de Oliveira, de 54 anos,
conhecido como 'Camilo' ou 'Véio'. Ele já responde por homicídios, roubo
e por participar de um sequestro, em agosto de 2006. À época, um
empresário cearense foi mantido refém por 25 dias, em um cativeiro em
Itapipoca. 'Camilo' seria o vigia da ação criminosa e foi capturado em
seguida.
Porém, em 2009, ele foi solto por uma decisão liminar e aproveitou para
desaparecer. O criminoso foi condenado, um novo mandado de prisão foi
expedido contra ele e 'Camilo' virou foragido da Justiça cearense.
Ele foi encontrado pela DRF em uma residência da zona rural de Aracati
(a cerca de 152 km de distância de Fortaleza) e apresentou um documento
falso, mas foi reconhecido. 'Camilo' estava na companhia de dois homens,
que também foram detidos: Antônio Carlos de Sousa, o 'Escobar', que já
tinha passagem por furto; e Manuel Alves Abelardo, vulgo 'Mané', sem
antecedentes criminais. No local, os policiais apreenderam duas
caminhonetes, uma Toyota Hilux e uma Mitsubishi L-200.
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Véio, Escobar e Mané |
Apreensão
Mas a principal apreensão se deu na sequência da investigação, a mais
de 100km de distância de Aracati, em Morada Nova (a 167 km da Capital).
Ao se aproximar de um imóvel na localidade de Retiro, os policiais civis
foram recebidos a tiros por homens armados. Houve revide, mas ao menos
quatro comparsas do trio preso conseguiram fugir por um matagal.
Na residência, a Polícia encontrou os dois fuzis calibre Ponto 50; mais
de 40kg de emulsões explosivas; mais de 500 munições de fuzis calibre
5.56 e 7.62; uma pistola Glock Ponto 40; dezenas de carregadores; mais
dois automóveis (outra Hillux e um Fiat Uno); e coletes balísticos. Um
dos coletes tinha a estampa de uma empresa de transporte de valores alvo
de crimes recentes, mas que não opera no Ceará, o que reforça a atuação
interestadual da quadrilha.
O titular da DRF, delegado Ricardo Romagnoli, destacou que os
explosivos já estavam encadeados, prontos para uso. Para ele, os
indícios apontam que o grupo criminoso planejava mais um ataque à
instituição financeira para os próximos dias, com características
semelhantes a crimes ocorridos no Ceará e em outros estados do Nordeste.
Integrantes
O trio preso foi autuado por associação criminosa, posse ilegal de arma
de uso restrito e receptação. 'Camilo' também irá responder por uso de
documento falso.
Segundo Romagnoli, o bando é composto por mais de 15 membros. Parte
deles já está identificada e deverá ter mandados de prisão expedidos em
breve. "Vamos firmar contato com as Polícias Civis da Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, onde houve diversos ataques,
para verificar se há liame (laço) com esse pessoal", revelou.
Uma suspeita da Especializada é que esse grupo tenha ligação com três
suspeitos mortos em Amontada, no mês passado. Eles eram ligados à facção
Comando Vermelho (CV).
Armamento é apreendido pela 1ª vez no CE
A operação da DRF resultou em uma apreensão inédita no Ceará: fuzis
calibre Ponto 50, de uso exclusivo das Forças Armadas. Os armamentos são
capazes de atingir alvos, com precisão, a cerca de 2km de distância,
bem como perfurar aço, concreto e aparatos blindados, segundo a Polícia.
As armas estavam envolvidas em capas de plástico e enterradas no
quintal de um imóvel em Morada Nova. Também foram localizadas 104
munições para esses fuzis. Cada projétil mede quase 10 centímetros.
Os norteamericanos criaram o calibre Ponto 50 para conter ataques
aéreos e destruir veículos blindados em guerras no Oriente Médio. No
Brasil, fuzis semelhantes já haviam sido apreendidos no Rio de Janeiro,
São Paulo, Minas Gerais, Pará e Mato Grosso do Sul. No Nordeste,
Pernambuco já tinha flagrado a presença da arma, e um exemplar foi
apreendido na Paraíba, na semana passada, com uma quadrilha
especializada em assaltos a carros-fortes.
Diário do Nordeste