Mal iniciaram a recuperação dos efeitos negativos da greve dos
caminhoneiros, encerrada há três meses, setores produtivos cearenses já
estão novamente preocupados com o quadro de possíveis paralisações. A
alta de mais de 13% do diesel pela Petrobras na última sexta-feira (31)
agravou a situação de impasse entre a categoria e o governo. Cientes dos
desgastes, indústria e comércio alertam que o encarecimento do frete,
ocasionado pelo aumento diesel, deve elevar os preços dos produtos.
"Obrigatoriamente esses aumentos vão ser repassados aos consumidores. A
alta do diesel acaba onerando uma série de pontos, como a logística dos
produtos e os custos industriais. Isso também reduz o poder aquisitivo
da população. Um ponto interessante que vale destacar é que parte
substancial do preço dos combustíveis se deve aos impostos", explica o
economista da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec),
Guilherme Muchale.
De acordo com ele, o tabelamento do frete já tem por si só um impacto
negativo para a indústria do Nordeste. "Isso porque os maiores mercados
produtores estão distantes da Região. O tabelamento acaba fortalecendo
as desigualdades regionais. E o incremento do preço do diesel onera os
custos e processos das empresas, reduzindo de certa forma a
competitividade do nosso produto voltado para os mercados do Sul e
Sudeste".
Para ele, a lição tirada da última greve dos caminhoneiros é a redução
dos riscos. "Uma série de indústrias que dependem do transporte
rodoviário adotou medidas para reduzir a dependência de empresas de
transporte terceirizadas. Uma medida é trazer de volta a questão da área
de transporte e logística de produtos internamente. Então é preciso
reduzir o risco e ter uma equipe de transporte dentro da própria
empresa".
O comércio também prevê aumentos nos preços dos produtos a partir da
alta do diesel e consequentemente elevação no valor do frete. "Desde a
greve dos caminhoneiros que a situação dos preços está desorganizada.
Desordenou completamente o abastecimento no comércio. Quem tinha um
estoque antigo conseguiu manter os preços que vinham praticando
anteriormente. Quem for receber os produtos com o frete novo vai ter que
aumentar os preços. Depende muito do estoque", afirma o presidente do
Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid
Alves.
Na opinião dele, o governo atual está praticando preços elevado para os
combustíveis acarretando aumento nos custos dos empresários. "Nós
estamos pagando a conta agora sem geração de emprego, as vendas de
agosto não foram boas e as expectativas para os próximos meses é que a
situação melhore um pouco", acrescenta.
Diário do Nordeste