Em ato público em frente à Superintendência da Polícia Federal, em
Curitiba, onde Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde abril, o PT
anunciou nesta terça-feira, 11, publicamente a candidatura presidencial de Fernando Haddad
em substituição ao ex-presidente, enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Pela manhã, antes mesmo de ser confirmado, Haddad foi alvo de críticas
do agora concorrente Ciro Gomes (PDT), com quem disputa o espólio
eleitoral de Lula, principalmente no Nordeste.
A 26 dias da eleição, Haddad inicia oficialmente a campanha presidencial com 8% das intenções de votos,
segundo pesquisa Ibope divulgada nesta terça. O petista está empatado
tecnicamente com Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), ambos com
9%; e Ciro Gomes (PDT), que registrou 11%.
A possibilidade de crescimento das intenções de voto do petista,
principalmente nos Estados nordestinos, onde Lula e o PT têm mais força
eleitoral, causou uma inflexão no comportamento de Ciro, que também busca conquistar eleitores inclinados à esquerda e na região.
Nesta terça pela manhã, ao cumprir agenda de campanha em Taboão da
Serra, na região metropolitana de São Paulo, Ciro já deu sinais de como
pretende se comportar na disputa direta. Ele foi aconselhado a
questionar a experiência administrativa do petista e o desempenho eleitoral de 2016 sem tecer críticas pessoais a Haddad, com quem tem relações de amizade.
O pedetista criticou a postura do PT de insistir na candidatura de Lula
à Presidência. Ao discursar, lembrou a campanha de 2016, quando o então
prefeito da capital paulista e candidato à reeleição Fernando Haddad
foi derrotado no primeiro turno para João Doria (PSDB).
"Eu e Lula apoiamos o Haddad em 2016 e tivemos uma decepção profunda,
já que ele perdeu no primeiro turno para o Doria e perdeu para os votos
brancos e nulos. Isso não desqualifica o Haddad. Gostaria de tê-lo como
vice em outra configuração. Mas ele sai muito fragilizado", afirmou o
pedetista.
Em outro momento, sem mencionar o nome de Haddad, Ciro condenou a
cúpula do PT. "Eles incitaram frações importantes do nosso povo que quer
bem o Lula para tentar manipular este sentimento e lançar uma pessoa que talvez tenha dificuldades para interpretar com fidelidade aquilo que o Brasil precisa agora", disse.
Ciro também afirmou que a esquerda do País já está dividida. "Nós já estamos divididos, porque não aceito a imposição da cúpula do PT.
Eu fui convidado para exercer este papelão aí, de ser vice de ataque e
amanhã ser escolhido na frustração do povo diante da não candidatura de
Lula. Não é assim que se constrói uma liderança", disse.
(Diário do Nordeste)