Irmãs siamesas passam por quinta e última cirurgia de separação e já respiram sem aparelho

 

Após passar por cinco procedimentos cirúrgicos no decorrer desse ano, sendo o mais recente e definitivo no último sábado (27), as gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de dois anos de idade, que tiveram as cabeças separadas, permanecem na UTI pediátrica do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto, localizado a cerca 310 km de São Paulo. Conforme a pediatra, Maristella Bergamo, que acompanha o caso, as crianças já não precisam de aparelhos para auxiliar na respiração. 

“Foi uma cirurgia muito grande e muito longa mas elas as duas estão respirando fora do tubo. Estão respirando espontaneamente”, contou a médica. O procedimento realizado no último sábado (27) durou mais de 20h e envolveu 30 médicos. De acordo com Maristella, os pais já pegaram as duas no colo e as crianças reagiram “muito melhor que o esperado”. 

A médica disse ainda que as meninas ainda não se viram e como a cirurgia envolveu muita anestesia elas estão “oscilando muito entre a sonolência e vigília”, relatou.

As gêmeas passaram por um processo inédito no Brasil. Segundo o cirurgião plástico Jayme Farina, enquanto as irmãs estavam sendo operadas, uma outra equipe com 10 cirurgiões plásticos faziam a reconstrução da calota craniana. Para isso, os profissionais usaram moldes impressos em 3D. 

Reconstrução

A reconstrução craniana, segundo Jayme Farina, foi feita com com os ossos retirados do anel que unia as duas cabeças e esses pedaços foram montados com um mosaico sobre esse molde. “isso facilitou a reconstrução da calota craniana”, acrescenta ele. 

O médico americano James Goodrich, com expertise nesse tipo de cirurgia informou que aplicação da técnica desenvolvida por ele de divisão do processo de separação em etapas oferece menos riscos que métodos utilizados anteriormente, quando, de modo geral, “era comum os pais terem que escolher salvar apenas um dos filhos. o que causava muito sofrimento para as famílias”, afirma. 

As irmãs nasceram unidas pelo topo da cabeça no distrito de Patacas, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Elas são acompanhadas no interior de São Paulo por cerca de 30 profissionais, entre neurocirurgiões, neurologistas, anestesistas, cirurgiões plásticos, intensivistas e enfermeiros. 

G1

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