O soldado reformado que sacou uma arma na BR-116, em Itaitinga (CE), e
teria disparado contra uma manifestação de parentes de presidiários
afirmou que o fez porque estaria socorrendo o pai. O POVO apurou que o
PM Edivardo Enoque da Silva,50, teria dito na Delegacia de Horizonte que
perdeu o controle quando se viu preso no engarrafamento e impedido de
chegar a um hospital para supostamente tratar de uma "úlcera estourada"
do idoso.
Irritado
com a interrupção da rodovia, fechada por pneus e outros objetos
incendiados, Edivardo Enoque foi flagrado de arma em punho -
supostamente um revólver 38, cano curto - na altura da Unidade Prisional
Professor José Sobreira de Amorim.
O PM reformado trafegava num Siena, PMJ - 1887, de Quixadá, com uma
mulher e um idoso. Depois de sair do carro, Edivardo ameaçou as mulheres
que protestavam contra a superlotação e restrições do presídio. De
acordo com testemunhas, o policial teria efetuado pelo menos um disparo.
Logo após, foi abordado por soldados da Força Tática de Apoio.
Como
revela a sequência de fotos feitas pelo O POVO, Edivardo Enoque
apresentou uma documentação a um policial. Em seguida, o PM reformado
foi conduzido na viatura sem algemas, no banco de trás, para a Delegacia
Metropolitana de Horizonte, onde foi ouvido e liberado em seguida.
Na BR-116, apesar da arma em punho e do suposto disparo em via pública,
Edivardo
Enoque não foi submetido a uma busca de arma nem encaminhado para
exames de parafina na Perícia Forense do Ceará. O veículo também não foi
enviado para ser periciado.
Na tarde da última terça-feira, o nome do policial reformado não havia sido revelado em duas notas oficiais enviadas a O POVO
pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Edivardo
Enoque, de acordo com o documento, não teria sido preso em flagrante
segundo entendimento dos PMs que o abordaram logo após o acontecido.
"A
SSPDS esclarece que tem como procedimento padrão apenas a divulgação
dos nomes de adultos presos em flagrante ou com mandado de prisão em
aberto", descreve a nota.
De acordo com a SSPDS, os "policiais
militares afirmaram, em depoimento, não ter ouvido disparos de arma de
fogo. Após busca pessoal e no veículo do suspeito, a suposta arma não
foi localizada, bem como as testemunhas não compareceram à delegacia
para prestar depoimento".
A versão dos PMs contraria o que
disseram as testemunhas do local e as imagens feitas pelo jornal. Na
delegacia, Edivardo teria afirmado que estava com uma arma de
"brinquedo". Mas o armamento não foi apresentado aos soldados que
fizeram a prisão nem ao delegado. A primeira nota da SSPDS trazia a
informação de que o "brinquedo" teria sido destruído. "Atirado em
direção ao fogo, causado por pneus queimados no protesto".
O Povo