Fé no Padre Cícero transforma Juazeiro em um grande santuário


Nas paredes das casas, na barraca do vendedor ambulante ou na porta de cada loja. A figura do Padre Cícero está presente em todos os lugares de Juazeiro do Norte. Até as grandes redes nacionais do comércio, quando desembarcam na cidade, aderem ao costume de colocar um símbolo do sacerdote eu seu estabelecimento. Hoje, somente nas próprias igrejas o “padrinho” não está presente, pelo menos, nos altares. “Terra de oração e trabalho”, a fé se confunde com o crescimento econômico e urbano que o Município teve nas últimas décadas.

Antes de se tornar terra de “trabalho”, Juazeiro do Norte primeiro foi lugar de “oração”. E isso está em cada local da cidade, onde romeiros espontaneamente criam seus “rituais” e manifestam sua devoção ao Padre Cícero. No Santuário dos Franciscanos, por exemplo, o ônibus que traz os visitantes costumar dar três voltas buzinando ao redor da estátua de São Francisco. Cada giro é um agradecimento ao “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo”. É uma espécie de saudação a terra que consideram santa. Um costume inexplicável. “O romeiro santifica Juazeiro”, justifica o frei Raimundo Barbosa.

No mesmo Santuário dos Franciscanos, outra tradição é fazer o “passeio das almas”, percurso de cerca de 300 metros, no largo da Paróquia. Além disso, a água de uma gruta, atrás da Igreja, é tida como benta e os fiéis carregam consigo para sua casa. Já na Colina do Horto, os romeiros costumam dar sete voltas ao redor do cajado da estátua do Padre Cícero para fazer pedidos ao santo. “É também um momento de agradecimento. Aprendi com meus pais”, explica a agricultura Juliana Santos, romeira de Coruripe (AL).

Cerca de 3 quilômetros da estátua, fica o Santo Sepulcro, que se tornou um pequeno santuário em meio as pedras. Os romeiros acreditam que este foi o local escolhido pelo Padre Cícero para seu retiro espiritual. Lá, é muito visitado, principalmente, na sexta-feira da Paixão, onde o devoto se espreme em meio as rochas para tentar se “purificar”. Dizem que os mais pecadores não conseguem ultrapassar. Ainda a Colina do Horto, fica o Museu Vivo do Padre Cícero, que recebe, diariamente, incontáveis itens como ex-votos, fotografias e camisas, frutos de graças alcançadas. 

Na Casa de Milagres, no Largo da Capela do Socorro, e a Casa Museu, onde morou o Padre Cícero, também são deixadas diversas lembranças por causa de promessas. O próprio túmulo do sacerdote também é alvo de devoção. “O romeiro não fica em um só espaço, ele percorre toda cidade. A cidade é tida como um lugar sagrado. Hoje, a fé se estende para outras igrejas”, descreve padre Cícero José da Silva, pároco da Basílica de Nossa Senhora das Dores.

Para o sacerdote, os fenômenos das romarias para Juazeiro do Norte agora são fenômenos permanentes, que acontecem ao longo do ano e que cresce ainda mais porque na cidade os fiéis se sentem acolhidos. Ele também acredita que estes locais se tornaram centros de visitação, porque o romeiro gosta de vivenciar a experiência de percorrer o caminho que o fundador da cidade fez e isso se repete a cada romaria. “É um reabastecimento de sua fé”, acrescenta Padre Cícero José. 


(Diário do Nordeste)

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