No trimestre de março, abril e maio de 2019 as chances de ocorrência de
El Niño são estimadas em 57%. Os meses compõem, junto a fevereiro, a
quadra chuvosa, principal período de precipitações no Ceará. El Niño é
comumente relacionado a períodos de seca no Estado. De 1950 até 2017, o
fenômeno ocorreu no trimestre em questão em 15 dos anos: 11 foram de
seca, três foram de neutralidade e apenas um foi chuvoso. Ou seja, 73%
dos anos de El Niño implicaram em estiagem no Ceará.
Os dados, levantados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme), foram repassados pelo meteorologista do órgão David
Ferran. O El Niño, conforme explica Ferran, é caracterizado pelo aumento
da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico. "Não está
dito que teremos El Niño nesses meses. Há também 41% de chances do
Pacífico ficar neutro, e 2% de acontecer a La Niña (fenômeno favorável
às chuvas cearenses). Mas, dado o cenário hoje, pode-se dizer que a
chance de chuva na categoria abaixo da média é maior do que acima da
média, em função de ter mais chance de ter El Niño", detalha.
O
meteorologista explica que as condições do Oceano Atlântico Tropical
também têm interferência nas chuvas que molham o Estado na quadra
específica. "Quanto mais quentes são as temperaturas do Atlântico Sul
Tropical em relação ao Tropical Norte, mais chuvas. Entretanto, essas
temperaturas se definem mais para o fim de janeiro, quando a Funceme
divulga a previsão do período chuvoso de 2019", adianta.
Os
números, após seis anos de chuvas abaixo da média e de um 2018 com
precipitações que não superaram as médias históricas, se juntam ao novo
atraso, de pelo menos mais seis meses, na chegada das águas Projeto de
Integração do Rio São Francisco (Pisf) ao Ceará. Como O POVO noticiou
ontem, o vazamento em um dique na última estação de bombeamento do Eixo
Norte deverá fazer com que o fornecimento de água pelo São Francisco só
chegue no fim o primeiro semestre de 2019.
De acordo com o Portal
Hidrológico do Ceará, os reservatórios cearenses estão atualmente com
11,88% da capacidade. Ontem, 25,8% dos 155 açudes do Estado estavam
secos (15) ou em volume morto (25) ? o que acontece quando só com bombas
flutuantes é possível captar os metros cúbicos do que resta de água.
O
Castanhão está com 5,2% de seu volume. O açude, o maior do Estado,
começou a quadra chuvosa com 2,26% de seu volume e chegou a 8,7%, em
maio - quando recomeçou a reduzir.
As bacias hidrográficas do
Coreaú (67,22%) e do Litoral (62,25%) são as em melhores condições. Já
as de Sertões de Crateús (6,53%) e do Alto Jaguaribe (6,9%) são as com
menor volume de água.
El Niño
Em dezembro,
janeiro e fevereiro, há 80% de chances de haver El Niño. Ferran
explica que, no entanto, o fenômeno neste período não pode ser
diretamente relacionado à seca no Ceará.
( O Povo)