A Rede Globo de Televisão foi proibida pela Justiça de divulgar
informações do inquérito que investiga os assassinatos da vereadora
Marielle Franco (Psol) e do seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14
de março. A decisão foi do juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara
Criminal do Rio de Janeiro, a pedido da Divisão de Homicídios da Capital
(RJ) e do Ministério Público do Estado. Em nota divulgada em
telejornais da TV Globo e da Globonews, a empresa afirmou ter
considerado a determinação “excessiva” e avisou que irá recorrer.
Segundo o site G1, da Rede Globo, o juiz considerou em sua sentença que
“o vazamento do conteúdo dos autos é deveras prejudicial, pois expõe
dados pessoais das testemunhas, assim como prejudica o bom andamento das
investigações, obstaculizando e retardando a elucidação dos crimes
hediondos em análise”.
Com a decisão, está proibida a divulgação de declarações feitas por
testemunhas a policiais civis da Delegacia de Homicídios, mesmo sem a
identificação dos depoentes. Também está vedada a divulgação de técnicas
e procedimentos sigilosos usados na investigação e qualquer conteúdo
retirado da investigação, o que inclui imagens, áudios e mensagens.
O posicionamento da Justiça saiu três dias após a emissora divulgar com
exclusividade informações sigilosas retiradas de documentos da Polícia
Civil. Foi noticiado, entre outros pontos do inquérito, que três pessoas
estavam no carro de onde partiram os tiros que mataram Marielle e
Anderson, há oito meses. Até então, era de conhecimento público a
existência de apenas duas pessoas no veículo: o motorista e o atirador.
“A TV Globo, evidentemente, vai cumprir a decisão judicial. Mas, por
considera-la excessiva, vai recorrer da decisão, porque ela fere
gravemente a liberdade de imprensa e o direito de o público se informar,
especialmente, quando se leva em conta que o crime investigado no
inquérito é de alto interesse público, no Brasil e no exterior”, afirmou
a emissora, em nota lida por jornalistas.
No texto, a Globo declarou ainda que, ao noticiar informações sigilosas,
pretende assegurar o “direito constitucional do público de se informar
sobre eventuais falhas do inquérito que, em oito meses, não conseguiu
avançar na elucidação dos bárbaros assassinatos da vereadora Marielle e
do motorista Anderson”.
O Grupo Estado procurou a Polícia Civil, por meio de sua assessoria de
imprensa, para saber o que motivou o pedido à Justiça, mas não obteve
resposta.
(Agência Estado)