Animais acometidos por peste suína clássica (PSC) foram abatidos nesta segunda-feira (12/11) em Ipu (295 km distante de Fortaleza). Mas este não é um caso 
isolado. O surto da doença já foi verificado em dez municípios do Estado
 até o momento, atingindo pequenos criadores, que não possuem a 
tecnicidade necessária para o manejo de suínos. Desde o início dos 
focos, mais de 500 animais foram abatidos como precaução para que a 
doença não se espalhasse.
Diretor de sanidade animal da 
Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), Amorim 
Sobreira explica que os trabalhos de combate à doença estão sendo 
realizados na região atingida - que está em estado de emergência 
sanitária desde o último dia 2 de novembro, após decreto do Governo do 
Estado - e investigação do foco inicial é realizado. A suspeita é que 
feiras irregulares, que comercializam animais sem certificações básicas,
 e atestados clínicos assinados por veterinários tenham expandido o 
problema.
"Estamos
 monitorando e investigando as notificações. Descobrimos nos últimos 
dias focos em mais localidades. Foram coletadas amostras dos municípios e
 encaminhadas para o laboratório e já recebemos os diagnósticos", conta.
Forquilha,
 Groaíras, Santa Quitéria, Varjota, Moraújo, Cariré, Reriutaba, 
Frecheirinha, Graça e Ipu, são os dez municípios atingidos pelo surto. 
Presidente da Associação dos Suinocultores do Ceará (Asce), Paulo Helder
 Braga confirma os mais de 500 abates e diz que os pecuaristas serão 
indenizados a partir desta semana.
As indenizações 
equivalem ao preço de mercado da região, calculado pela Asce em R$ 
5,20/kg. Mesmo com o sacrifício dos doentes, os criadores que estão na 
zona de atenção não poderão colocar animais na fazenda por espaço de um 
ano, até ser constatado que o vírus foi eliminado.
"Os 
trabalhos procurando debelar o problema o mais rápido possível vêm sendo
 realizados". Apesar da declaração, Paulo lamenta que a notícia do 
alastramento da peste causa impacto na impressão do consumidor quanto à 
carne, além do prejuízo causado aos maiores produtores fora da zona 
livre de peste suína clássica, reconhecida pela Organização Mundial da 
Saúde Animal (OIE): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas 
Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rio de 
Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Tocantis, Rondônia e Acre e o 
Distrito Federal. 
A dificuldade para controlar a origem e
 trânsito de suínos contribui para deixar o Estado de fora desta da zona
 segura. Por meio de nota divulgada no último mês, a Associação 
Brasileira de Proteína Animal (ABPA) minimizou os riscos afirmando que o
 Ceará não faz parte do fluxo comercial para grandes centros e que os 
focos da doença foram detectados longe das grandes zonas exportadoras.
"O
 primeiro impacto é que com a notícia da peste suína o consumo reduz e 
os negócios no setor ficam prejudicados, pois não podemos nem mandar nem
 receber suínos. Complica também a programação das propriedades 
tecnificadas, que recebem animais de reprodução", complementa Paulo.
Em
 Ipu, um dos municípios com focos da doença, o secretário municipal da 
Agricultura, Alberto Martins, anuncia que esforços, como a realização de
 reunião com criadores, vêm sendo feitos para remediar os efeitos da 
doença.
Ainda de acordo com o secretário municipal, apoio 
logístico está sendo oferecido pela Prefeitura para escavação de covas 
para os bichos sacrificados. O secretário estima que cerca de 70 
criadores até o momento tiveram os suínos afetados com a doença na 
região, mas acredita que esse número deva aumentar para mais de 90.
O
 perfil de criadores que tiveram os animais infectados é de pessoas que 
adquirem os suínos informalmente e não realizam ações de prevenção de 
doenças, criando os bichos em chiqueiros, fundos de quintal ou soltos na
 rua.
O desconhecimento sobre a doença também fez com que a
 situação fosse agravada na região e o surto fosse registrado. "Muitos 
produtores já tinham percebido os sintomas nos animais, mas não sabiam 
do que se tratava", acrescenta o diretor da Adagri.
Equipe
 de 20 veterinários da Agência, funcionários do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa, Associação 
Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves) auxiliam 
nos esforços junto de profissionais vindos de outros estados do País 
como Paraná, Mato Grosso e do Distrito Federal, que trabalham desde 6 de
 outubro - quando o surto foi notificado pela primeira vez em Mulungu, 
distrito de Forquilha (a 215 km de Fortaleza). Os profissionais 
trabalham na investigação de suspeitas e cerco de 10 km em volta da área
 foi feito, além da proibição de entrada e saída de suínos do Ceará.
"Estamos
 com alerta disparado para as Polícias Rodoviárias Estadual e Federal 
para proibir a entrada e saída de suínos e seus derivados e outros 
estados também estão se resguardando. Isso já é um decreto federal e 
estadual: estamos em estado de emergência sanitária e com todas as 
nossas barreiras sanitárias fechadas. Estamos tomando essa precaução", 
afirma Amorim.
REPARAÇÃO 
O 
dinheiro das reparações destinado aos criadores  afetados pela doença 
deve ser depositado na conta da Asce nesta amanhã  para depois ser 
distribuído
(O Povo) 
 

 
 
 



 
 
