Os frequentes ataques às agências bancárias cearenses têm gerado
prejuízos econômicos e financeiros para a população do interior,
reduzindo em muitos casos a geração de empregos e de renda dos
municípios. Em diversas cidades, as ações impedem o funcionamento normal
dos bancos. Em outros municípios, as instituições não conseguem atender
por falta de equipamentos. Segundo levantamento do Sindicato dos
Bancários do Ceará, atualmente, no Estado, 49 agências foram afetadas
por explosões ou arrombamentos. Outras 17 estão sem funcionar e em 20
cidades os bancos operam sem dinheiro, obrigando clientes a viajarem
para outros lugares.
Há casos ainda dos funcionários serem realocados em repartições
públicas. De acordo com o Banco Central, o Ceará passou de 505 agências
no fim de 2016 para 476 até outubro deste ano, uma redução de quase 6%
no número de estabelecimentos. As perdas para as instituições só não são
maiores do que os danos causados à população.
"Em algumas cidades a pessoa é atendida e depois é encaminhada a uma
cidade vizinha para fazer algum saque. O prejuízo é enorme também para o
comércio porque as pessoas vão gastar o dinheiro no município vizinho",
explica o diretor do Sindicato dos Bancários, Bosco Mota.
De acordo com ele, os prejuízos também afetam diretamente os
bancários. "Essas agências que estão funcionamento pela metade diminuem o
quadro de funcionários. O emprego dessas pessoas está ameaçado".
"Nosso papel é cobrar das autoridades mais reforço na segurança, pois
com essas ações violentas todos saem prejudicados: clientes, bancários,
comércio local e, principalmente, a população da região. Reduziu o
número de ataques de um ano para outro, mas toda vida para nós é
importante. Não podemos admitir que cidadãos e bancários sejam mortos ou
feitos reféns de criminosos, pois não conseguem restabelecer sua vida e
os traumas são profundos", afirma ainda Carlos Eduardo, presidente do
Sindicato.
Para o consultor econômico e financeiro da Associação dos Municípios
do Estado do Ceará (Aprece), Irineu de Carvalho, há deslocamento do
comércio para as regiões que possuem agências bancárias. "Além da perda
de empregos locais, você tem esse deslocamento. Se eu vou na cidade
vizinha é porque ela é mais avançada, tem um comércio mais evoluído, com
preços no geral mais competitivos do que no outro município".
Ele diz ainda que há diversos impostos municipais deixam de ser
arrecados quando a cidade não possui serviço bancário. "Você também tem
as perdas de ISS (Imposto Sobre os Serviços de Qualquer Natureza). Essa
não é uma das maiores perdas apesar de ser adicionada a todos os outros
prejuízos. Onde se mantém o serviço há geração de receitas", observa.
(Diário do Nordeste)