Presos no Ceará: 4 garantem vaga no Sisu e oito conquistam bolsa de 100% no Prouni


O sonho da aprovação para cursar o Ensino Superior chegou para um grupo de presos do Sistema Penitenciário Cearense. Nos últimos dias, 12 internos receberam a notícia que suas notas no Exame Nacional do Ensino Médio para pessoas privadas de liberdade (Enem PPL) foram suficientes para conquistar vagas em universidades. 

Quatro detentos foram aprovados em instituições públicas por meio da primeira chamada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e oito conquistaram bolsa de 100% no Programa Universidade para Todos. A expectativa da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) é que o número seja ainda maior quando chegar o resultado da segunda chamada. 

Um dos internos aprovados no Sisu garantiu vaga para cursar Letras Espanhol na Universidade Federal do Ceará (UFC). Aécio Carlos Magalhães, encarcerado no Centro de Execução Penal e Integração Social (Cepis) Vasco Damasceno Weyne, em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), conta que a notícia o surpreendeu: "Por mais que a gente estude muito, não esperamos". 

Magalhães, natural do Maranhão, fala sobre seus quatro filhos: dois já formados e outros dois em formação. Segundo o preso, ele sempre quis ser professor. Agora, percebe a chance de sair da prisão com um futuro diferente e capaz de ajudar a família. 

"Quero sair daqui com coisa boa para o futuro. Quanto eu estava em liberdade cheguei a fazer um ano de Letras Inglês, mas trabalhava muito e não tinha mais como estudar. Dessa vez, quero muito que dê certo", afirmou Aécio, que agora aguarda decisão do Poder Judiciário para ser autorizado a se matricular na Universidade.

Espera

O coordenador educacional da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Rodrigo Moraes, conta que 2018 terminou com 1.800 presos matriculados nos cursos preparatórios. O Cepis e a CPPL IV foram as unidades com maior número de estudantes. Ao todo, segundo Moraes, a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) disponibiliza 25 professores. A SAP faz a triagem dos presos que podem ter aulas, e a Seduc avalia o nível de escolaridade.

 "Para cada 12 horas de estudo, um dia de remissão de pena. Ano após ano, percebemos o maior interesse dos internos em participar. Ainda há muito estigma da sociedade em ver os presos ocupando vagas nas universidades. Cabe ao juiz decidir se e como cada preso pode assistir a essas aulas. Estamos confiantes que todos eles consigam", destacou Moraes. 



(G1)

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